sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bioquímica



INTRODUÇÃO AOS COMPONENTES BIOQUÍMICOS DA CÉLULA

Desde o descobrimento das células, o se humano possui a preocupação em classificá-las e sendo, descobrir as estruturas básicas da célula ou as estruturas químicas que a célula tem.
Em relação às estruturas químicas, pode ser dividida em dois grandes grupos:

Substâncias inorgânicas: água e sais minerais
Substâncias orgânicas: vitaminas, carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos.

Para compreender melhor o que foi dito acima, deve-se ter como base a introdução e então ter como aprofundamento o que virá a seguir.


1-SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS

1.1-ÁGUA
A água é um dos componentes mais importantes, e também o mais abundante de todo o mundo. Sua necessidade é vital para os seres vivos. Fora da célula, os nutrientes estão dissolvidos em água, que, facilita a passagem através da membrana células e, dentro da célula, é o meio onde ocorre a maioria das reações químicas.

A molécula da água é composta de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H²O), interligados por uma ligação iônica, por isso exige uma grande quantidade de calor para . Uma propriedade exclusiva da água é a coesão de suas forças que fazem com que essa substância seja fluida, adquirindo assim a forma do recipiente na qual se encontrar. Esta coesão é responsável pela tensão superficial que permite a alguns insetos pousar na superfície da água.

Ela é considerada o solvente universal, pois tem grande força de adesão (união de moléculas polares). As substâncias que dissolvem na água são chamadas de hidrofílicas e as que não se dissolvem são chamadas de hidrofóbicas.
A água está presente na maioria das reações químicas e essa reação pode ser efetuada de duas maneiras:
Reações de síntese por desidratação: por perda de água. Quando na união há a liberação de uma molécula de água;

Reações de hidrólise (do grego hydro= água e lise=quebra): a molécula é quebrada em duas e nesse processo há a entrada de molécula de água.

Como propriedades estruturais e químicas que tornam adequada para sua função nas células vivas podemos dizer que: ela é uma molécula polar, pois tem distribuição desigual das cargas, capaz de formar quatro pontes de hidrogênio com as moléculas de células vizinhas e por isso necessita de uma grande quantidade de calor para a separação das moléculas (100ºC); é um excelente meio de dissolução ou solvente; sua polaridade facilita a separação e a recombinação dos íons de hidrogênio (H+) e íons de hidróxido (OH-), é o reagente essencial nos processos digestivos, onde as moléculas maiores são degradadas em menores e faz parte de várias reações de síntese nos organismos vivos; e, as pontes de hidrogênio são relativamente fortes a tornam um excelente tampão de temperatura.

Em relação aos seres vivos, podemos enumerar:

Solvente de líquidos corpóreos orgânicos e inorgânicos;

Meio de transporte de íons e moléculas, ou seja, permite o intercâmbio contínuo de íons e moléculas entre os líquidos extra e intracelular, como por exemplo a sua tendência de subir pelas paredes de tubos finos ou se deslocar por espaços estreitos existentes em materiais porosos. Essa tendência é chamada de capilaridade. Nas plantas, essa capilaridade atua no deslocamento da seiva bruta, das raízes, até o topo das árvores;

Regulação térmica (fato já citado anteriormente, mesmo parecendo que há um pleonasmo, não há. Antes foi citado como uma propriedade química, contrariamente deste momento, da qual é citada também como função para manter a vitalidade dos seres vivos);

Ação lubrificante, ela contribui para diminuir o atrito nas articulações ósseas;
Matéria-prima para a realização da fotossíntese;
Atuação no metabolismo. Na maioria das reações de anabolismo e catabolismo a água participa como reagente ou é gerada como produto. Isto ocorre através da síntese de desidratação e da hidrólise.



Estrutura de uma molécula da água

1.1-SAIS MINERAIS

Os minerais são nutrientes de função plástica e reguladora do organismo, sendo fundamentais ao metabolismo celular. Estes são nutrientes abundantes em frutas e verduras. Outros minerais, como podemos usar como exemplo o iodo e o flúor, mesmo sendo necessários em pequenas quantidades, podem prevenir o aparecimento de doenças como a cárie dentária e o bócio.

Os sais são fundamentais para a matéria viva, são encontrados nos organismos sob duas formas básicas: solúvel e insolúvel.

Os insolúveis acham-se imobilizados como componentes na estrutura esquelética. Já os solúveis estão dissolvidos na água na forma de íons.
Como dito no nome são os sais encontrados nos minérios, têm função esquelética ou estrutural.
Observemos os principais sais minerais:

Cálcio - Faz parte da formação e da manutenção dos ossos e dentes. É encontrado no leite e derivados

Ferro - Componente da hemoglobina. Encontrado nas carnes e leguminosas

Zinco - Constituinte das enzimas, células com muitas funções dentro do organismo. Encontrado em carnes e ovos

Cloro - Participa da regulação e do equilíbrio hídrico. Encontrado no Sal comum de cozinha

Potássio - Participa do processo de contração muscular e da síntese de glicogênio. Encontrado na carne, leite e frutas

Fósforo - Atua na formação de dentes e ossos, indispensável para o sistema nervoso e muscular Encontrado em carnes, porco, frango e repolho

Magnésio - Ajuda na contração muscular e metabolismo energético. Sua ausência causa baixa capacidade aeróbica e perda de transpiração. Existente em legumes e nozes

Sódio - Importante para a transmissão nervosa, contração muscular e equilíbrio de fluidos no organismo. Há no sal, azeite e alimentos processados

Flúor - É necessário para amarrar o cálcio aos ossos. Previne a dilatação das veias, cálculos da vesícula e paralisia. Pode ser encontrado na maioria dos cremes dentário


2-SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS


2.1-PROTÍDIOS

Mais de três aminoácidos até com, unidos entre si, formam um polipeptídio. Mais que cem aminoácidos, formam uma proteína. Podemos usar de exemplo a hemoglobina, pigmento vermelho do sangue, constituído de 574 aminoácidos, a exceção está na insulina, uma proteína relativamente pequena que contém cinquenta e uma ligações peptídicas. Deve-se levar em conta que, aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio unidos entre si de maneira característica. Alguns podem conter enxofre.

Mas, tendo como foco as proteínas, estas são um polímero linear de aminoácidos unidos por ligações peptídicas. Sua estrutura é formada por uma variedade de vinte aminoácidos, chamados essenciais, que permitem a proteína uma variedade de formas e funções na célula.

Sua estrutura está em três níveis hierárquicos de organização. A estrutura primária é a sequência de aminoácidos dispostos linearmente, constituindo a cadeia polipeptídica. A estrutura secundária se refere a conformação espacial que a proteína toma, dependente da posição de certos aminoácidos, estabilizando a ponte de hidrogênio. Mas, quando as pontes de hidrogênio estabelecem-se entre certos aminoácidos, o esqueleto se dobra dispondo-as em formas geométricas. A estrutura terciária resulta de interações – hidrofóbicas, ligações de sulfeto, forças de Van der Waal e interações iônicas – que estabilizam a estrutura secundária, dando compactação ou conformação a proteína (Fibrosas ou globulares). E, a estrutura quaternária resulta da combinação de dois ou mais polipeptídicos, chamados de subunidades, que dão origem a moléculas de grande complexidade que se mantém unidas e interagem, como por exemplo a hemoglobina.

Em relação á classificação, podem ser classificadas em:

Proteínas simples: São aquelas que através da hidrólise, fornecem apenas moléculas de aminoácidos. Diferem-se das outras pela sequência dos aminoácidos na molécula. Ex: albumina e globulina;

Proteínas compostas ou conjugadas: São as que, na hidrólise, além de aminoácidos, fornecem os chamados grupos prostéticos (Substância de composição diferente). Ex: Mucina, osseína, tendomucóides.

As nucleoproteínas possuem um ácido nucléico como grupo prostético. Como, por exemplo a caseína e a ovovitelina. As cromoproteínas possuem um grupo prostético a porfirina, apresentando sempre uma coloração. Possuem no centro de suas moléculas um elemento metálico, (como por exemplo o Magnésio na clorofila e o Ferro na hemoglobina).

Sua função é determinada por sua estrutura tridimensional e da capacidade de ligaram-se covalentemente à outras moléculas, que neste caso são ligantes. O local de fixação dos ligantes nas proteínas e os ligantes correspondentes possuem alto grau de especificidade, ou seja, são complementares. As proteínas controlam o fluxo de íons através da membrana, regulam a concentração dos metabólicos, confere rigidez á célula, catalisam uma infinidade de reações químicas, atuam como sensores e chaves, produzem movimento e controlam a função genética.


2.2-ENZIMAS

As enzimas são proteínas especiais de ação catalisadora, estimulando ou desencadeando reações químicas importantíssimas na vida, que dificilmente se realizariam sem a presença delas. São produzidas pelas células, mas podem evidenciar sua atividade intra ou extra celularmente. Sem a ação catalítica das enzimas nas reações que comandam o metabolismo celular, certamente não haveria vida na Terra. Elas aceleram de 100 milhões a 100 bilhões de vezes a velocidade das reações químicas, criando, uma condição compatível com a dinâmica da vida.

Na grande maioria, as reações químicas dentro do organismo são extremamente lentas e nem sempre ideal para a sobrevivência do ser vivo. A solução para este problema seria o aumento da temperatura, mas não seria ideal, pois as proteínas seriam desnaturadas. Para isto existem no organismo proteínas extremamente importantes para o metabolismo em que aumentam a velocidade das reações químicas dentro do organismo sem elevar a temperatura, e, são partículas intactas, no exercer de sua função continuam da mesma maneira. Outra característica das enzimas é o fato de serem extremamente específicas, prevalecendo a teoria da chave-fechadura: ela diz que, as enzimas tem o formato ideal que encaixa perfeitamente no substrato em que se quer fazer a reação. Um dos fatores que influenciam diretamente as suas atividades é o pH ou índice de acidez do organismo, na qual se o mesmo não for favorável, a enzima pode se tornar inativa.
De maneira geral, elas apresentam as seguintes características:

São considerados como “substratos” as substâncias cuja qual agem as enzimas. Cada enzima atua exclusivamente sobre determinado (s) substratos, não tendo qualquer efeito sobre os outros, sendo notável sua especificidade da ação enzimática. Admite-se que isto justifica em função do contorno que a superfície da molécula enzimática assume, na qual se encaixam as moléculas dos substratos. Este encaixe proporcionaria uma maior aproximação entre os pontos relativos das moléculas reagentes, acelerando assim, a velocidade da reação. Todavia, realizada a sua ação, a enzima se mostra intacta. Ou seja, a enzima acelera a reação, mas não participa dela;

Sua atividade é reversível, pois podem ocorrer nos dois sentidos da reação. A mesma enzima acelera a produção do composto C pelos reagentes A & B, pode, em circunstância diversa, ativar a decomposição de C em A & B.
Dentro de certos limites, a intensidade de ação enzimática duplica ou triplica a cada 10ºC que se eleva na temperatura do ambiente. Da mesma forma, a cada 10ºC que se reduz a temperatura ambiental, a atividade enzimática é reduzida pela metade ou terça parte. Mas, o melhor ponto de ação de muitas enzimas nem sempre é igual. Mas, em um mesmo organismo, todas as suas enzimas tem o mesmo ponto. A partir da temperatura ideal, qualquer elevação térmica levará a enzima a diminuir sua ação, até se desnaturar. Na desnaturação, a molécula protéica a enzima se desenrola, perde o seu contorno característico e deixa, portanto, de exercer sua função;

Como dito antes, as enzimas dependem do pH para o seu funcionamento. Algumas apenas agem em pH ácido; outras, apenas com pH alcalino (Básico). Ainda dentro dessas preferências, algumas exigem pH muito ácido, outras pH menos ácido. O mesmo acontece com as que preferem pH pouco alcalino ou muito alcalino.


2.3-GLICÍDIOS

Também conhecidos como açúcares, carboidratos ou hidratos de carbono, são substâncias constituídas fundamentalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. No momento em que é falado a palavra açúcar, remete-nos ao sabor adocicado, mas nem todos os glicídios são adocicados. Para isso, os cientistas preferem usar o termo glicídio, com o intuito de evitar mal entendidos.

Essencial para a sobrevivência humana, é o elemento mais encontrado na natureza.

Em relação à classificação, podem ser classificados em três categorias: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.

Os monossacarídeos são os que apresentam moléculas menores e os glicídios mais simples. São os que não sofreram hidrólise, além apresentarem entre três e sete carbonos na molécula na qual a fórmula geral é Cn(H²O)n. Na fórmula, n representa um número entre três e sete. E, seus nomes são dados de acordo com o número de átomos de carbono na molécula:

Trioses – três carbonos;
Tetroses – quatro carbonos;
Pentoses – cinco carbonos;
exoses – seis carbonos;
Heptoses – sete carbonos;

São de interesse biológico as pentoses e as hexoses.

Os dissacarídeos são as moléculas formadas pela união de dois ou mais monossacarídeos, através da hidrólise. A sacarose (C¹²H²²O¹¹), o principal açúcar presente na cana-de-açúcar, sendo formado pela união da glicose com a frutose.

Podemos citar entre os principais a maltose, sacarose e galactose.

Maltose + H²O - Glicose + Glicose. Encontrada na hidrólise do amido;
Sacarose + H²O – Glicose + Frutose. Encontrada na cana-de-açúcar;
Lactose + H²O – Glicose + Galactose. Encontrada no leite.

E, os polissacarídeos são os constituídos de grande número de moléculas de monossacarídeos (Mil a seis mil). Como exemplo dos mesmos, podemos citar o amido, o glicogênio e a celulose.

O amido é uma substância característica das plantas e algas. Suas moléculas são formadas pela reunião de milhares de moléculas de glicose. Na abundância de glicose as plantas fabricam o amido. No momento de necessidade, o amido é quebrado, formando a glicose novamente e usando-a como fonte de matéria-prima para as células. Os animais fabricam o polissacarídeo glicogênio, cuja função é semelhante á do amido para as plantas. Após de uma refeição rica em glicídios, as células do fígado absorvem moléculas de glicose do sangue, unindo-as para formar moléculas de glicogênio, bastante semelhante às moléculas de amido.Quando a taxa de glicose no sangue reduz, fato ocorrente entre as refeições, as células do fígado quebram o glicogênio, convertendo-o em glicose. Estas são lançadas no sangue e chegam a todas as células do corpo, ou seja, o glicogênio armazenado no fígado é uma maneira de guardar energia para os momentos de necessidade. Ele acumula-se também no fígado e músculos.

Nas plantas está na forma de celulose formando a parede das células vegetais, tendo papel de sustentação dessas células.

Há um polissacarídeo que, além do carbono, hidrogênio e oxigênio, apresenta em sua molécula o nitrogênio. É a quitina, encontrada na parede celular dos fungos e exoesqueleto de animais artrópodes (insetos, aracnídeos, crustáceos, quilópodes e diplópodes).

Tanto a quitina como a celulose são de difícil digestão.

Estrutura da glicose


2.4-ÁCIDOS NUCLÉICOS

Ácido nucléico é um tipo de composto químico, de elevada massa molecular, que tem ácido fosfórico, açúcares bases purínicas e pirimidina.
São moléculas muito complexas que produzem as células vivas e os vírus, Transmitem as características hereditárias de uma geração para a seguinte e regulam a síntese de proteínas.

As bases púricas mais encontradas são a guanina (G), e a adenina (A). E, as principais bases pirimídicas são a timina (T), citosina (C) e a uracila (U).
Há dois tipos básicos de ácidos nucléicos: o desoxirribonucléico (DNA) e o ribonucléico (RNA).

O DNA é responsável pelo armazenamento e transmissão da informação genética. Sendo encontrado principalmente em especial nos cromossomos e, em pequena quantidade, nas mitocôndrias e cloroplastos. Ele está associado as proteínas, dando destaque para as histonas.

Sua molécula consiste em duas cadeias de nucleotídeos dispostas em hélice em torno de um mesmo eixo. As bases púricas e pirimídicas de cada cadeia polinucleotídica situam-se dentro da hélice dupla, em planos paralelos entre si e perpendiculares ao eixo da hélice, como se fossem degraus de uma escada. Em cada plano ou degrau da escada, a base de uma cadeia forma par com a base da cadeia alimentar. Devido ás dimensões das moléculas das bases, o pareamento só tem lugar entre a timina e a adenina, ou entre a guanina e a citosina, das cadeias complementares. Na hélice dupla, as bases unem-se através de pontes de hidrogênio, principais responsáveis pela estabilidade da hélice. As bases, que são hidrofóbicas, ficam dentro da hélice, e os resíduos de desoxirribose, que por sua vez são hidrofílicos e de ácido fosfórico localizam-se na periferia, em contato com a água intracelular.

E, o RNA é um filamento único, cuja molécula e apenas existe sob a forma de filamentos duplos complementares. Nos dois casos as exceções são encontradas nos vírus. Uns possuem DNA em filamento único, enquanto outros tem RNA em cadeias duplas complementares.

Em relação ao ponto de vista funcional e estrutural, há três variedades principais de ácido ribonucléico:

RNA transportador ou tRNA: tem como função transferir os aminoácidos para as posições corretas nas cadeias em formação nos complexos de ribossomos e RNA mensageiro (Polirribisomas);

RNA mensageiro ou mRNA: representam a transcrição de um segmento de uma das cadeias da hélice de DNA;

RNA ribossômico ou rRNA: está combinado com proteínas, formando partículas chamadas de ribossomos, que tem como função traduzir a informação contida no mRNA para uma sequência de aminoácidos que fará uma molécula protéica.

DNA RNA
Bases púricas Adenina
Guanina Adenina
Guanina
Bases pirimídicas Citosina
Timina Citosina
Uracila
Pentose Desoxirribose Ribose


2.5-LIPÍDIOS

O termo lipídio designa alguns tipos de substâncias orgânicas que tem como principal característica a insolubilidade na água e a solubilidade em solventes orgânicos.
São divididos nos seguintes grupos:

Carotenóides – Atuam como pigmentos acessórios nas plantas na fotossíntese. Há dois grupos: caroteno e xantofilas. Existem também os que atuam na alimentação humana e tem como função renovar as células da pele e evitar a cegueira

Triglicerídeos – Representados pelos óleos e pelas gorduras formadas pela união de três moléculas de ácido graxo com glicerol. A decomposição é feita por hidrólise, havendo separação de ácidos graxos. Estes óleos são encontrados em plantas e raramente em animais. Já as gorduras são facilmente encontradas em animais. Estes ácidos são divididos em dois grupos: os saturados que formam a gordura animal e fica armazenada nas células e os insaturados que formam os óleos presentes nas plantas. Alguns são considerados essenciais, pois não há produção dele no organismo, sendo, devemos obtê-lo por meio da alimentação;

Fosfolipídios – Formados por duas moléculas de ácido graxo contendo fosfato e uma molécula de glicerol. Tendo como característica exclusiva que metade da substância é hidrofílica e a outra metade hidrofóbica, podemos citar como exemplo a Membrana Plasmática.

Cerídeos – Ceras em geral. Tem a importância de impermeabilização da superfície de frutos e folhas, com o objetivo de evitar a perda de água.
Esteróides – Lipídios relativamente complexos, destacando o colesterol abundante nos tecidos animais. Possui várias funções no organismo e em quantidade normal faz bem a saúde, mas no seu excesso pode trazer prejuízos e doenças. Em plantas e fungos não há colesterol, mas sim, outros esteróides com a mesma função.

Alguns exemplos de lipídios e suas funções biológicas


Óleos e Gorduras (Glicerídeos) - Reserva energética de animais e vegetais. Nas aves e nos mamíferos, funcionam como isolante térmico, impedindo perda de calor da pele. Funcionam também como amortecedores contra impactos mecânicos

Ceras - impermeabilização de superfícies sujeitas à desidratação, como superfícies de folhas e frutos

Fosfolipídios - Abundantes no tecido nervoso e nas membranas plasmáticas

Colesterol - Componente das membranas celulares, dá origem a outros esteróides

Testosterona, Progesterona e Estradiol - Hormônios relacionados com, atividade sexual, caracteres secundários e gravidez

2.6-SAIS MINERAIS

As vitaminas são substâncias orgânicas especiais que atuam a nível celular como desencadeadoras da atividade de muitas enzimas fundamentais no processo metabólico dos seres vivos. O curioso é que são exigidas em doses mínimas no organismo, caso contrário, podem causar doenças graves como câncer dos mais diversos tipos, variando com a vitamina.

Cada uma possui um papel biológico diferente, sendo, é impossível uma substituir a outra. São produzidas habitualmente nas estruturas das plantas e por organismos unicelulares. Os seres heterótrofos necessitam obter essas vitaminas através da alimentação.

As vitaminas podem ser divididas em hidrossolúveis e lipossolúveis (Solúvel em gordura), quando se fala em relação á sua composição química.

Hidrossolúveis:
B¹² - Carnes, ovos e laticínio. Sua ausência pode provocara anemia, distúrbios no sistema nervoso.
C - Frutas, verduras e legumes. A carência do mesmo pode provocar escorbuto

Lipossolúveis:
D - Laticínio, ovo, vegetal e raios solares. Sua carência provoca raquitismo e enfraquecimento dos ossos
E - Trigo, cereais e ovo. A carência pode provocar anemia e esterilidade


Em relação ás hidrossolúveis e as lipossolúveis:


A -(Retinol ou Axerftol) - Vegetais verdes e amarelos; óleo de fígado de peixes; gema de ovo; leite. A ausência pode provocar hemeralopia (cegueira noturna), xeroftalmia (cegueira total por ressecamento da córnea), pele seca e escamosa, diminuição da resistência a infecções.

D -(Calciferol)- Óleo de fígado de peixes; gema de ovo; produzida na pele pela ação de raios solares. A carência do mesmo pode provocar raquitismo (encurvamento de ossos por deficiência de cálcio).

E -(Alfatocoferol) - Vegetais verdes; óleos vegetais; cereais; fígado bovino. A carência pode provocar anemia (diminuição de glóbulos vermelhos no sangue)

K -(Naftoquinona) - Vegetais verdes; produzida por bactérias no intestino.A Ausência do mesmo leva ao enfraquecimento do processo de coagulação sanguínea, levando à hemorragia.

B¹ -(Tiamina) - Cereais; legumes; nozes, fígado bovino. A carência pode levar a ter beribéri (fraqueza e inflamação dos nervos)

B² -(Riboflavina) - Leite; hortaliças; ovo; queijo. Sua carência pode provocar rachamento da pele; deficiência visual.

PP -(Niacina ou nicotinamida) - Carne; cereais; peixes; levedura. Sua carência pode provocar a pelagra (diarréia e lesões cutâneas)

B6 -(Piridoxina) - Cereais; gema de ovo; fígado bovino. Sua carência pode provocar doenças como a anemia; convulsões (contrações musculares agitadas e desordenadas independentes da vontade).

B¹² -(Cianocobalamina) - Fígado bovino; ovos; leite; carnes; peixes; ostras. Podendo provocar em sua ausência anemia; lesões do sistema nervoso.

C -(Ácido ascórbico) - Frutos cítricos e outros (tomate, acerola, kani-kama); batata; hortaliças. sua carência pode provocar escorbuto (hemorragias internas e edemas articulares); gengivite; hemorragias nasais.

Biotina - Fígado bovino; leite; cereais; levedura, são produzidas por bactérias intestinais. na sua ausência pode causar doenças como fadiga; depressão; náuseas; lesões cutâneas.

Ácido fólico - Hortaliças; germe de trigo; frutos; levedura; fígado bovino. a ausência do mesmo pode provocar anemia

Ácido pantotênico - Carne; cereais; ovos; legumes; levedura; nozes. na sua respectiva carência pode provocar lesões do sistema nervoso e digestivo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Islamismo



INTRODUÇÃO AO ASSUNTO
A palavra Islã, significa literalmente “submissão”, ilustra a principal ideia muçulmana: o fiel aceita submeter-se á vontade de Deus (Alá), criador do mundo, onipotente e onisciente.

Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra muslim (Plural, muslinún), particípio do verbo asmala, que significa “aquele que se submete”. A palavra pode ter entrado no português a partir do castelhano, sendo provável que a língua tenha tomado do italiano ou francês, línguas da qual o vocábulo existe desde 1619 e 1657, respectivamente.

Em textos mais antigos, os muçulmanos eram conhecidos como “maometanos”, este termo tem vindo a cair porquê implica, incorretamente, que eles tinham adoração à Maomé, fato que durante alguns séculos devido à ignorância européia, o Ocidente pensou), tornando assim o termo ofensivo para muitos muçulmanos.

Na Idade Média e, por extensão, lendas e narrativas populares cristãs, os muçulmanos também eram designados por sarracenos ou mouros (embora este último termo designasse mais especificamente os muçulmanos naturais do Magrebe, localizado na Península Ibérica).

Islão também pode se referir ao conjunto de países que seguem esta religião (A jurisprudência islâmica usa no caso a expressão Dar-al-Islam, traduzindo, “Casa do Islão”).



1-FUNDADOR E ORIGEM DO ISLAMISMO

A civilização pré-islâmica surgiu e espalhou-se a partir da península Arábica. Com clima muito quente e seco, cerca de 80% de seu território é de desertos.
Viviam na Península Arábica diversos povos, organizados em tribos ou clãs, que se dividiam em dois grandes grupos conforme suas características culturais mais marcantes: os árabes do litoral e os árabes do desertos.

Os árabes do litoral eram povos sedentários que moravam em cidades próximas da costa, como Meca e Yathrib. Dedicavam-se principalmente ao comércio, conduzindo as caravanas de camelos que levavam mercadorias do Oriente para as regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo. E, os árabes do deserto eram povos semi-nômades que ficavam em torno dos oásis da península. Dedicavam-se principalmente à criação de ovelhas, camelos, cabras e camelos, além de praticarem saques e pilhagens, cujo produto era dividido entre os membros das tribos.

Como era habitada por diferentes povos, a Arábia não tinha unidade política. Mas, no século VII os povos se uniram em torno do Islamismo, e, por meio da Guerra Santa, expandiram seus domínios.

Até o século VI, os árabes se ligavam pelos laços de parentesco e elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma, apesar das variações regionais e tinham as mesmas crenças religiosas, sendo politeístas.

Em Meca, tinha um templo conhecido como Caaba (“Casa de Deus”), que reunia os ídolos, que eram estátuas, das principais divindades cultuadas por eles. Na Caaba havia também a Pedra Negra, que, provavelmente é um pedaço de meteorito, venerada pelo fato de acreditarem ter sido trazida milagrosamente por um anjo. Por Meca possuir este templo, e, uma série de outros fatores, mas, principalmente devido ao templo, a cidade torna-se um grande centro comercial dos árabes. Nos períodos de paz, a cidade transforma-se em um movimentado ponto de encontro, recebendo muitas pessoas e mercadorias, das mais diversas regiões, realizando-se assim, grandes negócios comerciais.

Maomé (Mohammad na língua original) nasceu em Meca, na tribo coraixita, no atual Reino da Arábia Saudita, em 570. Órfão muito cedo, criado primeiro pelo avô paterno, Abd al-Mutilab, e depois pelo tio, Adu Talib, coleto de impostos, que o apresenta as artes do comércio. Preocupado com a ideia de restabelecer o monoteísmo de Abraão (Ibrahim em árabe), vira um político talentoso, chefe militar e legislador. Com 25 anos e a reputação de comerciante honesto e talentoso e bem-sucedido, casa-se com Cadidja, 15 anos mais velha. O matrimônio dura até a morte dela em 617, em um castelo pertencente a Abu Talib, que morreria dois anos depois, onde Maomé se encontrava refugiado.

Aos 40 anos, ele recebeu a missão de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel. Essas revelações se repetiram por toda a vida do profeta e que logo começaram a ser escritas, compondo assim, o Alcorão ou Corão (Qur`ãn), significa recitação, foi escrito ao longo de 20 anos (644-656), possui 6.226 versos em 114 suras (Capítulos).

Quando iniciou sua pregação, Maomé afirmou que os ídolos da Caaba deviam ser destruídos, pois só havia um deus criador do universo, Alá (ou Alah). Isto provocou a reação dos sacerdotes de Meca, já que, além de atacar a sua religião, a religião poderia afetar o comércio que os rituais geravam na cidade. Obrigado a deixar Meca em 622, ele refugia-se em Yathrib, que posteriormente seria chamada de Medina - “A cidade do profeta” - o episódio ficou conhecido como Hégira, fato que marca o início do calendário muçulmano.

Mohammad e seguidores difundem a religião em Medina e organizam um exército de fiéis. Em 630 conquistaram Meca e destruíram os ídolos da Caaba. A partir deste fato, o islamismo expande-se pela Arábia, e os diversos povos fora, se unificando em torno da nova religião. Criando assim, outra organização social entre os árabes.



2-FONTE DOUTRINAL E CRENÇAS

É pregada principalmente a submissão plena do ser humano aos preceitos de Alá, sendo Deus único e criador do universo. Alá não é um Deus pessoal, santo ou amoroso, ao contrário, é distante e indiferente de seus adeptos. As ordens expressas no Corão são imperativas, injustas e cruéis. De acordo com Mohammad, ele é autor do bem e do mal. Num dos anais que descreve as mensagens de Alá para Maomé, diz: “Lutem todos contra os judeus e matem-nos”. Em outra parte diz: “Oh verdadeiros adoradores, não tenha os judeus ou cristãos como vossos amigos. Eles não podem ser confiados, eles são profanos e impuros”.

Os anjos, são seres criados por Alá a partir da luz. Não possuem livre arbítrio, e se dedicam apenas para obedecer a Deus e louvar seu nome. Desempenham vários papéis, entre os quais o anúncio da revelação divina dos profetas, protegem os seres humanos e registram todas as suas ações. O anjo mais famoso é Gabriel, que foi o intermediário entre Deus e o profeta.

Além dos anjos, eles reconhecem também a existência de jinnis, espíritos que habitam o mundo natural e que podem influenciar os acontecimentos. Ao contrário dos anjos, os jinnis possuem vontade própria; alguns são bons, mas de uma forma geral são maus. Um deles é Iblis, (Satanás), que, segundo a crença, desobedeceu a Deus pra ir para o mal.

De acordo com o Islamismo, Maomé é o último e mais importante dos profetas. Alah enviou 124000 profetas ao mundo, mas apenas trinta estão relacionados no Corão. Os seis principais foram:

Adão – escolhido de Alá
Noé – pregador de Alá
Moisés – porta-voz de Alá
Jesus – palavra de Alá
Maomé – apóstolo de Alá

Segundo suas crenças, o dia do Julgamento Final (Yaum al-Qiyamah), que é o momento em que cada ser humano será ressuscitado e julgado na presença de Deus por suas ações praticadas. Os livres de pecados irão diretamente para o Paraíso e os pecadores vão permanecer um tempo no Inferno antes de também poderem ir para o Paraíso. Os únicos que permanecerão no Inferno são os hipócritas religiosos (Os que se dizem muçulmanos, mas nunca o foram).

Este julgamento será antecedido por vários sinais, como o nascimento no sol poente, o som de uma trombeta e o aparecimento de uma besta. De acordo com o Alcorão, o mundo não acabará verdadeiramente, apenas passará por uma profunda alteração.

Eles acreditam no qadar, palavra geralmente traduzida como predestinação, mas que o sentido preciso é “medir” ou “decidir quantidade ou qualidade”. Uma vez que, para o Islamismo, Deus foi o criador de tudo, incluindo os seres humanos, e sendo uma das características a omniscência, ele já sabia quando procedeu à criação as características de cada elemento da sua obra teriam.

Sendo, cada coisa que acontece à alguém por determinada por Deus. A crença não rejeita o livre arbítrio, pois o ser humano foi criado por Deus com faculdade e razão, pelo que pode escolher entre praticar ações positivas ou negativas.
Os Islãs tem como base moral em sua doutrina a lei conhecida como “Os 5 pilares do Islamismo” que são os seguintes atos:

Crer em Alah, o único deus, e em Maomé, seu grande profeta (Chahada);
Fazer cinco orações diárias voltadas para Meca (Sala, Salat ou Salah) e com a fronte para a terra;
Ser generoso com os pobres e dar esmolas (Zakat ou Zakah), para a purificação das riquezas e a solidariedade entre os fiéis;
Cumprir o jejum religioso durante o Ramadhan (Mês sagrado) (Saum), que deve acontecer entre o nascer até o pôr do sol;
Ir em peregrinação para Meca (Hajj) ao menos uma vez na vida se tiver condições físicas e financeiras



3-FESTAS TRADICIONAIS ISLÂMICAS

Ramadãm ou Ramadan (fevereiro/março)? durante o nono mês do calendário muçulmano....

Pequena Festa (Eid Al-Fitr), celebrada nos três primeiros dias do mês de Shaual (março/abril), ao final do jejum do mês de Ramadãm, comemora a revelação do Corão.
Grande Festa ou Festa do Sacrifício (Eid Al-Adha) é celebrada no dia 10 do mês de Thul-Hejjah (maio/junho).

Hégira (fuga de Maomé de Meca), marca o Ano-novo do calendário muçulmano, no dia 1° do mês de Al-Moharam (junho/julho).

Aniversário de nascimento do Profeta, no dia 12 do mês de Rabi'I (agosto/setembro).

Calendário muçulmano – Mede o ano pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra e é, em média, 11 dias menor do que o ano solar. O ano 1994/1995 foi o 1.415° da hégira.



4-ALCORÃO E AUTORIDADE RELIGIOSA

Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão (Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu estes ensinamentos de Alá por intermédio do anjo Gabriel (Jibreel) através de revelações que ocorreram entre 610 e 632 d.C.. Maomé recitou estas revelações aos seus companheiros, muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição (omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras...).

As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656 durante o califado de Otman.

O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas 3 versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo").

Uma vez que os muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma longa linha de profetas, eles tomam a sua mensagem como um depósito sagrado, e tomam muito cuidado assegurando que a mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma maneira a não trair esse legado. Esta é a principal razão pela qual as traduções do Alcorão para as línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o Alcorão em árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua língua original; aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como hafiz (literalmente "guardião").

A mensagem principal do Alcorão é a da existência de um único Deus, que deve ser adorado. Contém também exortações éticas e morais, histórias relacionadas com os profetas anteriores a Muhammad (que foram rejeitados pelos povos aos quais foram enviados), avisos sobre a chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas com aspectos da vida diária como o casamento e o divórcio.

Além do Alcorão, as crenças e práticas do Islão baseiam-se na literatura hadith, que para os muçulmanos clarifica e explica os ensinamentos do profeta.

Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceita ou excluída da comunidade de crentes. O Islão é aberto a todos, independentemente de raça, idade, gênero, ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do islamismo, ato formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do Islão, sem o qual uma pessoa não pode ser considerada um muçulmano.

Embora não exista no islamismo uma estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existem, contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se destacam pelo seu grande conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti, sendo responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei islâmica; em teoria estes pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa que os solicitou.



5-TRECHOS DO ALCORÃO

Deus: Cremos em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Dt 6.24; Mt 28.19; Mc 12.29.

Jesus: Cremos no nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal de entre os mortos, e em sua ascensão gloriosa aos céus, Is 7.14; Lc 1.26-31; 24.4-7; At 1.9.

Espírito Santo: Cremos no Espírito Santo como terceira pessoa da Trindade, como Consolador e o que convence o homem do pecado, justiça e do juízo vindouro. Cremos no batismo no Espírito Santo, que nos é ministrado por Jesus, com a evidência de falar em outras línguas, e na atualidade dos nove dons espirituais, Jl 2.28; At 2.4; 1.8; Mt 3.11; I Co 12.1-12.

Homem: Cremos na criação do ser humano, iguais em méritos e opostos em sexo; perfeitos na sua natureza física, psíquica e espiritual; que responde ao mundo em que vive e ao seu criador através dos seus atributos fisiológicos, naturais e morais, inerentes a sua própria pessoa; e que o pecado o destituiu da posição primática diante de Deus, tornando-o depravado moralmente, morto espiritualmente e condenado a perdição eterna, Gn 1.27; 2.20,24; 3.6; Is 59.2; Rm 5.12; Ef 2.1-3.

Bíblia: Cremos na inspiração verbal e divina da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé para a vida e o caráter do cristão, II Tm 3.14-17; II Pe 1.21.

Pecado: Cremos na pecaminosidade do homem, que o destituiu da glória de Deus, e que somente através do arrependimento dos seus pecados e a fé na obra expiatória de Jesus o pode restaurar a Deus, Rm 3.23; At 3.19; Rm 10.9.

Céu e Inferno: Cremos no juízo vindouro, que condenará os infiéis e terminará a dispensação física do ser humano. Cremos no novo céu, na nova terra, na vida eterna de gozo para os fiéis e na condenação eterna para os infiéis, Mt 25.46; II Pe 3.13; Ap 21.22; 19.20; Dn 12.2; Mc 9.43-48.

Salvação: Cremos no perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita, e na eterna justificação da alma, recebida gratuitamente, de Deus, através de Jesus, At 10.43; Rm 10.13; Hb 7.25; 5.9; Jo 3.16.



6-DIFERENÇA INTERPRETACIONAL

Os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos, os sunitas e os xiitas. Essas tendências surgem da disputa pelo direito de sucessão a Maomé. A divergência principal diz respeito à natureza da chefia:

Para os xiitas, o Imã ou "Imam" (líder da comunidade) é herdeiro e continuador da missão espiritual do Profeta.

Para os sunitas, o Imã é apenas um chefe civil e político, sem autoridade espiritual, a qual pertence exclusivamente à comunidade como um todo (umma).

Sunitas e xiitas fazem juntos os mesmos ritos e seguem as mesmas leis (com diferenças irrelevantes), mas o conflito político é profundo.

Sunitas – Os sunitas são os partidários dos califas abássidas, descendentes de all-Abbas, tio do Profeta. Em 749, eles assumem o controle do Islã e transferem a capital para Bagdá. Justificam sua legitimidade apoiados nos juristas (alim, plural ulemás) que sustentam que o califado pertenceria aos que fossem considerados dignos pelo consenso da comunidade.

A maior parte dos adeptos do islamismo é sunita (cerca de 85%). No Iraque a maioria da população é xiita, mas o ex-governo (2003) era sunita.

Xiitas – Partidários de Ali, casado com Fátima, filha de Maomé, os xiitas não aceitam a direção dos sunitas.

Argumentando que só os descendentes do Profeta são os verdadeiros imãs: guias infalíveis em sua interpretação do Corão e do Suna, graças ao conhecimento secreto que lhes fora dado por Deus. São predominantes no Irã e no Iêmen.
A rivalidade histórica entre sunitas e xiitas se acentua com a revolução iraniana de 1979 que, sob a liderança do aiatolá Khomeini (xiita), depõe o xá Reza Pahlevi e instaura a República Islâmica do Irã.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ácidos & Bases

ÁCIDOS E BASES-DIFERENCIAÇÃO E CARACTERÍSTICAS


Ácidos são caracterizados principalmente por:
Substâncias de sabor azedo;
Conduz corrente elétrica;
Quando adicionadas ao mármore e outros carbonatos, produzem efervescência, com liberação de gás carbônico;
Presença de Hidrogênio;
Reagem com metais liberando Hidrogênio;
Reagem com indicadores;

Bases são caracterizadas principalmente por:
Possuem sabor adstringente, ou seja, amarram à boca;
Tornam a pele lisa e escorregadia;
Conduz corrente elétrica;
Possuem o grupo funcional hidróxido à direita da fórmula (OH);

A formalização dos conceitos de ácido e base foi feita em 3 teorias:

A primeira delas foi desenvolvida por Arrhenius em 1887 para explicar a condutividade elétrica de certas soluções, definindo ácidos e bases da seguinte maneira:

“Ácido é toda substância que em solução aquosa se dissocia fornecendo íons H+, como único tipo de cátion.”

HCl -> H+ + CL-

“Base é toda substância que, dissolvida na água, se dissocia, fornecendo íons hidróxido como único tipo de ânion.”

NaOH -> Na+ + OH-

Vale lembrar que:

Os ácidos são compostos moleculares. Só conduzem eletricidade em solução, pois há dissociação, formando íons. Quando puros não conduzem a eletricidade

As bases são compostos iônicos, pois temos metal ligado ao oxigênio.

Mas atualmente sabemos que um próton simples não existe em soluções aquosas. Um próton em solução aquosa se hidrata, forma cátion hidrônio: H3O+.

Houve também a teoria de Bronsded-Lowry.

Bronsted e Lowry em 1923 propuseram uma teoria mais ampla, válida para todos os meios (Meio alcoólico, aquoso, etc...), sendo assim:

Ácido-Qualquer espécie química que doa elétrons

Base - Qualquer espécie química que aceita prótons

Pares conjugados: Comportam-se, desse modo, as espécies químicas efetivamente como pares conjugados: uma dada espécie química será apreciada como ácido ("ácido de Bronsted-Lowry") em relação a outra espécie química bem definida. Com efeito, pode dar-se de certa espécie química "A" mostrar-se um ácido perante outra espécie "B" e, todavia, comportar-se como base perante uma terceira espécie "C" — o que está em perfeita conformidade com o modelo proposto (a proposta teoria-ácido base de Bronsted-Lowry).

HBr + HOH -> H3O+ + Br-
Ácido Base

Outro exemplo:Água como ácido de Bronsted

O que o íon pode ser pela teoria de Bronsted-Lowry.

Do outro lado, a água pode também atuar como um ácido perante, por exemplo, a amônia(NH3).

A equação para essa reação (que vem a ser a reação de hidratação da amônia) é:

NH4+ -> NH3 + H+

O íon amônio pode ceder prótons funcionando como ácido de Bronsted-Lowry e não pode ser base de Bronsted, pois não pode ganhar prótons.

Neste caso,H2O doa um próton a NH3, próton que se liga por covelência dativa ao grupo (:)NH3, dado que o átomo de nitrogênio dispõe dum par de elétrons em seu último nível; esse par eletrônico vem a ser o par ligante da coordenovalência
A água mostra, dessa forma, ser anfóstera: hábil a atuar tanto como um ácido como uma base, na estrita dependência da espécie química que lhe é conjugada. Essas reações são reversíveis: ocorrem tanto num sentido quanto no seu inverso.
A reação inversa da reação entre ácido acético e água (recombinação das espécies dissociadas) é:

H3O+ + CH3COO- -> CH3COOH + H2O

Na reação inversa, H3O+ atua como um ácido ao doar um próton ao radicalacetato, CH3COO-, que atua como uma base conjugada.

Como na dissociação, CH3COOH atua como um ácido ao doar um próton, e a água como uma base ao recebê-lo. H2O e H3O+ são entretanto considerados um par ácido-base conjugado, e CH3COOH e CH3COO- como outro par conjugado, ambos os pares em equilíbrio químico dinâmico.

Após, houve a teoria de Lewis.

Proposta em 1923, apresentou uma definição eletrõnica de ácido e base, ele se baseou no conceito de base de Bronsted, que é a espécie química que recebe prótons, assim para receber próton, a base deve fornecer um par de elétrons para a ligação. Sendo assim:

Ácido: toda espécie química que recebe par de elétrons;
Base: todaespécie química que doa par de elétrons.

De maneira mais detehada, esta lacuna torna-o susceptível de aceitar uma par de elétrons, e por conseguinte de criar uma ligação covaente coordenada com uma Base de Lewis. Portanto, um eletrófilo ou receptor de elétrons é um ácido de Lewis. Entretanto, o termo ácido, por si, é ambíguo; deve sempre deixar claro tratar-se de um ácido de Lewis ou de um ácido de Bronsted-Lowry.

A reatividade dos ácidos de Lewis pode ser explicada pelo conceito HSAB (Hard-Soft Acid-Base). Não existe uma universalmente válida descrição de força de um ácido de Lewis, porque a força de ácidos de Lewis depende da específica base de Lewis. Um modelo tem previosto forças de ácidos de Lewis baseados em um modelo computacional de afinidade no estado gasoso para fluoreto, e fora de uma seleção de ácidos de Lewis isoláveis comuns encontrados que SbF5 tem a mais forte afinidade por flúor. Fluoreto é uma base de Lewis "dura"; cloreto e "mais macias" bases de Lewis são muito difíceis de estudar por causa das limitações dos modelos computacionais, e a acidez de Lewis em solução sofre da mesma restrição.

Um ácido de Lewis normalmente tem uma baixa energia LUMO, a qual interaje com o HOMO da base de Lewis. Diferentemente de um ácido de Bronsted-Lowry, o qual sempre transfere um íon Hodrogênio (H+), um ácido de Lewis pode ser qualquer eletrófilo (incluindo H+).

Por exemplo, compostos como o cloreto de alumínio(AlCl3) ou o trifluoreto de boro (BF3) possuem uma lacuna eletrõnica e serão por conseguinte ácidos de Lewis. Da mesma forma, os organomagnesianos (reagentes de Grignard) R-Mg-X (muito utilizados em química orgânica) são também ácidos de Lewis.

Outros exemplos de ácidos de Lewis incluem cloreto de ferro, pentacloreto de nióbio e triflatos de lantanídios tais como o triflato de itérbio.

Ácidos de Lewis podem ser corrosivos. Cloreto de zinco, o qual é corrosivo, particularmente sobre a celulose (papel e algodão), é um notável exemplo de acidez de Lewis que causa um efeito corrosivo. Como a água é uma base de Lewis, ácidos de Lewis comuns rapidamente reagem com a água para formar hidratos, os quais são ácidos de Brønsted. Então, soluções de muitos ácidos de Lewis são também ácidos de Brønsted. Hidratos tem forte ligação química entre o ácido de Lewis e a água, e não é normalmente possível "secá-los", i.e. o hidrato forma um distinto composto químico. Por exemplo, tentando-se secar um cloreto metálico obtem-se vapores de cloreto de hidrogênio e um oxicloreto metálico.

Podemos exemplificar de maneira prática assim:

NH3 + HOH -> [H3n:H]+ + OH-

Base ácido NH4+

O NH3 é uma base porque recebeu um próton H+ da água.

A água é um ácido porque cedeu um próton ao NH3-


INDICADORES
Existem alguns ácidos fracos que possuem uma certa cor quando estão em sua forma molecular e uma cor diferente quando estão na forma ionizada. Isso pode ser muito útil, pois dependendo da cor da solução podemos saber se o ácido está ionizado ou não.

Mais do que isso, podemos saber a concentração do íon Hidrogênio na solução. Por isso dizemos que esses ácidos fracos são indicadores da concentração do íon Hidrogênio. Podemos chamar essas substâncias de Indicadores.

Ao aplicar o princípio de Le Chatelier, sabemos que aumentando a concentração do íon Hidrogênio o indicador (ácido fraco) assume a forma molecular (não-ionizada).
Por outro lado, se a concentração do íon Hidrogênio diminuir o indicador assume a forma ionizada. Assim como os ácidos se ionizam de acordo com sua constante de equilíbrio, os indicadores também possuem a constante de equilíbrio:
Através dessa equação podemos calcular a concentração mínima de íons Hidrogênio para surgir a cor "A" na solução. A partir disso podemos também calcular o pH dessa situação. Geralmente as substâncias indicadores são utilizadas para identificar substâncias ácidas ou básicas. A cor do indicador varia de acordo com o pH da solução.


Esta tabela é na base da própria fita medidora de pH.
Esta escala é baseada na coloração da mistura.


SOLUÇÕES TAMPÃO

Uma solução tampão, solução tamponada ou simplesmente tampão é aquela solução capaz de manter aproximadamente constante o valor do seu pH quando é adicionado à ela um ácido ou base. Podemos dizer que a concentração do íon Hidrogênio não sofre grandes alterações devido à adição de substâncias ácidas ou básicas.

A solução tampão pode ser constituída de um ácido fraco e seu respectivo sal ou uma base fraca e seu respectivo sal.

A importância das soluções tampão não estão apenas associadas ao uso nos laboratórios de pesquisa. A natureza também utiliza soluções tampão em diversos lugares. Um exemplo de solução tampão é o plasma sanguíneo dos seres humanos.

A nossa corrente sanguínea deve ter um pH apropriado para a respiração acontecer. Se o sangue não fosse uma solução tamponada, ninguém sobreviveria após ingerir molho de tomate, suco de maracujá ou mesmo refrigerante. Esses alimentos são ácidos e alteram o pH do sangue. Se não existisse solução tampão a respiração não continuaria acontecendo e o corpo humano poderia ser levado à morte.

O pH sanguíneo deve ser 7,4 para a respiração ocorrer. Qualquer alteração no valor desse pH é rapidamente compensado pelo tampão presente na circulação sanguínea para que a respiração continue acontecendo.

No caso do tampão presente na circulação sanguínea, o ácido fraco envolvido e o sal são o ácido carbônico e o bicarbonato. No caso de excesso do íon H+ o seguinte equilíbrio é deslocado para a esquerda :

H2CO3 = H+ + HCO3-

No caso de excesso do íon OH-, o seguinte equilíbrio é deslocado para a direita :

OH- + H2CO3 = H2O + HCO3-

Dessa forma, a concentração do íon Hidrogênio é mantida constante (pH = 7,4) e com isso é possível ocorrer a respiração.

Voltaire


VOLTAIRE-BIOGRAFIA E TEORIAS


1-BIOGRAFIA DE VOLTAIRE
François Marie Arouet Le Jeune nasceu em 21 de novembro de 1694, na cidade de Paris – França. Seu pai era tabelião e possuía pequena fortuna. Sua mãe era de origem aristocrática, que morreu logo após o parto. François quando criança era franzino, tendo por toda a vida uma saúde fraca. Ele tinha um irmão mais velho, Arnaud, que entrou para o culto jesuíta.

Desde sua infância, Voltaire revelou-se dotado de talento literário e sensibilidade poética. Ele comprou livros com a herança de uma senhora que havia visto nele um futuro cultural. Com estes livros e a tutela de um abade, começa sua educação. Ele lhe mostra o ceticismo e as orações religiosas. Seu pai achava que literatura não rendia dinheiro nem prestígio. Como possuía o desejo de tornar François advogado do Rei, por isso coloca-o em um colégio jesuíta, o Colégio Louis-le-Grand, localizado em Paris. Os jesuítas eram padres com formação militar, que difundiam o evangelho em todo mundo. Eram membros da Companhia de Jesus, que havia sido fundada por Inácio de Loyola. Os jesuítas ensinaram a Voltaire a dialética, arte de dialogar progressivamente, para provar as coisas. Ele discutia teologia com os professores, que o tinham como “um rapaz de talento mas patife notável”

Seu padrinho o introduz a uma vida desregrada. François conhece escritores, poetas e cortesãos. Ficava na rua até tarde, divertindo-se com fanfarrões epicuristas e voluptosos. Seu pai, novamente interferindo, como homem sério, não vê com bons olhos as atividades do filho. Manda-o para a casa de um parente, na tentativa de mantê-lo quase preso. Mas o parente, quando o conhece, cria tanto gosto por ele que lhe cede a liberdade.

Seu pai também arranjou-lhe que se tornasse pajem do marquês de Chânteauneut. François Marie partiu com este embaixador para Haía, na Holanda e lá conhece Olympe Runouyer, ou Pimpette, na qual se apaixona. François mantém encontros escondidos com ela e deseja que ela vá morar com ele na França. Descoberto o romance, Voltaire escreve cartas apaixonadas dizendo: “não há dúvida de que irei ama-la para sempre”. É mandado em retorno à casa paterna.

Também compõe um ode para Luís XIII, na qual com esta obra participa de um concurso, mas não a vence. Luís XIV morre, e seu filho é muito jovem para ser rei. O poder ficou nas mãos de um regente. Sem um governador legítimo, a vida de Paris corria sem controle e François corria com ela.

François Marie começa a ficar conhecido por ser brilhante, imprudente e turbulento. Frequentou a Societé du Temple, de libertinos e livre pensadores. É malicioso, e tem os olhos vivos e perspicazes. Torna-se amante de Susanne de Livry, faz versos galantes e poemas cômicos. Aspira ser um grande trágico da época, e não são poucas suas tragédias. Suas obras somadas dão um total de noventa e nove volumes. É dono de um espírito versátil, e possuidor de uma cultura notável, que o ajudava a ser fecundo. Em 1715 escreve a peça Oedipe (Édipo) e o poema “Henríada”, um épico sobre Henrique IV. Sua fama aumenta e todas as características são-lhe atribuídas, em relação à espiritualidade e maliciosidade. Até mesmo algumas anedotas, como uma dirigida ao regente que governava, duque de Órleans, nestas anedotas falava que o regente conspirava usurpar o trono, em 1717, o regente o manda para a Bastilha, a prisão parisiense. Sendo que esta anedota foi escrita em forma de um panfleto, que Voltaire alega não ter escrito. Dentro da Bastilha, enfim, que François Marie Arouet adota o nome em que é conhecido até os dias atuais, Voltaire. Ele fica na Bastilha por onze meses, então, o regente o solta.

A Tragédia que escrevera Édipo é produzida em 1718, e fica em cartaz por quarenta e cinco noites seguidas, um grande recorde para a época. Este sucesso abre-lhe as portas para os meios intelectuais. Encontra-se com Fontenelle. Com um lucro de quatrocentos francos pela peça, François faz investimentos financeiros, empresta dinheiro e financia o tráfico de escravos, que na época também era um negócio rentável. Assim, o filósofo faz render seu dinheiro e pode viver de maneira confortável.

Então, uma briga com o duque de Sully, cavaleiro de Rohden-Chabot, o obriga a ir para o exílio. O motivo foi que Voltaire não aceita um duelo, e dispõe de meios para prendê-lo. O cavaleiro manda seus homens bateram nele, logo após que Voltaire respondeu. Preso por curto período, preferiu o exílio na Inglaterra. Depois de ter ficado e alcançado o sucesso de Édipo e Henríada, ele passa (de início a contragosto) três anos na Inglaterra.

Aprende o inglês. Em Londres, desenvolve sua intelectualidade. Relaciona-se com os poetas Young e Alexander Pope, o escritor Jonathan Swift e o filósofo empirista Berkeley. Admira-se com a liberdade de expressão dos ingleses, que escrevem o que desejam. A filosofia inglesa, vinha desde o início da modernidade, com Bacon, Hobbes e Locke e os deístas, o agradou. Estuda a fundo a obra de Newton, e mais tarde propaga suas ideias na França, com as “Cartas Filosóficas”, de 1734.
Ele absorve rapidamente a cultura e a ciência da onde se encontrava. Gosta da tolerância religiosa. Aos quarenta anos se apaixona por Emile de Bretiul, a marquesa de Châtelet, doze anos mais nova do que ele, ou seja, de vinte e oito anos. Ela é culta, traduzira Newton e apresentou Leibniz a Voltaire. Emile lhe dá proteção no castelo de Cyrei. Ela acha-o interessante, o mais belo ornamento da França. Já ele a considera da seguinte maneira: “Ela é um homem em corpo de uma mulher, este é o seu maior defeito”. Ele dizia isto pelo fato da marquesa de Châtelet ser uma mulher extremamente culta e inteligente. Graças a ela e às grandes damas, acredita na igualdade mental inata entre os sexos. E, Cyrei, passavam o dia todo estudando, pesquisando e fazendo experimentos no laboratório. Voltaire, com sua amante, aprofundou-se em física, metafísica e história. O castelo torna-se um centro cultural. Voltaire aperfeiçoa seu estilo iônico e frívolo. Escreve “Alzire” (1736), “Méope” (1736), “O Filho Pródigo”, “Maomé”, “O Mundano”, “O Ingênuo” e a sua obra prima “Cândido ou o Otimismo”(1759). De acordo com Will Durant, os heróis desses romances são ideias, os vilões superstições e os acontecimentos pensamentos.

A sua correspondência é numerosa, não só com os ingleses, mas também com inúmeras personalidades da época, como Frederico, o Grande, da Prússia, de quem foi amigo.

Aos poucos, Voltaire volta a ter contato com Paris. Graças a proteção de madame Poiapadeur, vira historiógrafo real. Em 1745, Voltaire volta e com Emile vão para paris. Ele se torna candidato à Academia Francesa. Em 1746, é eleito e faz um belo discurso de posse. Lá, escreve muitos dramas, da qual inicialmente fracassa, mas depois alcança sucesso com Zaire, Nahomet, Mírope e Semiramas.

Depois de quinze anos, sua relação com a marquesa torna-se difícil. Em 1748, Emile começa um novo caso, desta vez com Saint Lambert. Em 1749, morre devido a sua quarta gestação.


Então, Frederico II, da Prússia, o convida para fazer parte da corte em Prostdam. Ele é convidado para ser professor de francês do monarca, que manda dinheiro para a transferência. O convite se deve ao fato de Voltaire ser querido por todos, e também por ser admirado por sua inteligência e escritos. A estada lhe agrada, mas não de todo. Foge das cerimônias oficiais. O Rei lhe é gentil e amável e juntos tiveram grandiosas conversas, e o filósofo possuía uma boa suíte. Ambos se tornam grandes amigos e Voltaire não poupa elogios falando para terceiros sobre o monarca da Prússia.

Devido a interpretação de um ponto da teoria newtoniana, Voltaire polemiza com um protegido do Rei, Malpertuis, presidente da academia de Berlim. Ele dirige seu ataque a Malprtuis em um panfleto, Diatribe do Dr. Akaria, em 1752. Quando o panfleto foi publicado, Frederico manda queimar os panfletos e Voltaire escapa da Prússia, escapando da raiva real. Em Frankfurt foi preso pelos agentes do Rei, ficando por semanas na cadeia. Quando retorna à França, descobre que está proibido de voltar para Paris. Vai então para Genebra, na qual adquire uma propriedade chamada “As Delicias”. Nesta casa termina suas maiores obras históricas: “Um Ensaio Sobre o Costume e o Espírito das Nações e Sobre os Principais Fatos da História”, “De Carlos Magno a Luís XIII”, sendo esta última obra citada começada em Cyrei. E “Lê Siècle de Louis XIV” (A Era de Luís XIV).

Em suas obras históricas, Voltaire não apenas dedicou um grande espaço à Judéia e ao Cristianismo, e relatou com imparcialidade a grandiosa cultura Oriental. O Oriente possuía mais tradição que o Ocidente. Com nova perspectiva, descobre-se nesse mundo e os dogmas europeus puderam ser questionados.

Nas Delícias, tem boas relações com os evangélicos. Os enciclopedistas do Iluminismo Francês, comandados por Diderot, pedem a contribuição de Voltaire. Escreve alguns artigos para a enciclopédia. Ocorre então uma ruptura entre Voltaire e Diderot, por desavenças de opiniões. Voltaire ironiza a defesa do estado de natureza de Rousseau (O famoso bom selvagem) dizendo que difere o homem dos animais é a educação e a cultura.

Em 1758 comprou o castelo e a fazenda de Ferney, perto de Genebra, onde instalou uma fábrica de relógios, onde passou quase todo o resto da sua vida. Lá, cuidava de sua propriedade rural e escrevia muito. Também plantou muitas árvores. Seu castelo em Ferney rapidamente se tornou um centro cultural, podendo ser comparado ao que acontecera com o castelo da marquesa de Châtelet. Alguns iluministas iam para lá, como Helvetius e d’Alembert. Voltaire mantém também uma vasta correspondência, com pessoas de todos pos tipos, incluindo grandes governantes.
Em 1755, quando soube do terremoto em Lisboa, da qual morreram trinta mil pessoas, fica revoltado ao saber que os franceses consideram todo o acontecimento como castigo divino. Lamenta a desgraça dos sobreviventes em um poema. O Filósofo sempre lutou contra o preconceito e as superstições, tendo preferência pela epistemologia e pela cultura elucidativa.

Com oitenta e três anos, viaja para Paris, depois de tanto tempo. Lá, teve uma calorosa recepção, e assiste a uma peça sua encenada. Foi até a Academia de Letras de Paris, recebendo uma homenagem. Morre alguns meses depois, no mesmo ano, no dia trinta de maio de 1778. No seu enterro, toda a população parisiense foi participar do cortejo fúnebre.

1.1-Carreira

Iniciado maçom no dia sete de fevereiro de 1778, mesmo ano de sua morte, em uma das mais incríveis cerimônias da maçonaria mundial, a Loja Les Neuf Soeurs, em Paris, inicia ao octogenário Voltaire, que ingressa no templo apóia do por Benjamin Franklin, embaixador dos Estados Unidos na França nessa data. A sessão foi dirigida pelo venerável Mestre Lalande na presença de 250 irmãos. O venerável ancião, orgulho da Europa, foi revestido com o avental que pertenceu a Helvetius e que fora cedido, pela sua viúva.

Voltaire foi um teórico sistemático, mas um propagandista e polemista, que atacou com veemência todos os abusos praticados pelo Antigo Regime. Tinha a visão de que não importava o tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um cervo, passar por todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim for de acordo com a lei. Se um príncipe simplesmente punisse e regesse de acordo com a sua vontade, seria apenas mais um “Salteador de estrada ao qual se chama de ‘Sua Majestade’”.

As ideias presentes nos escritos dele estruturam uma teoria coerente, da qual em muitos aspectos expressa a perspectiva do Iluminismo.

Defendia a submissão ao domínio do Rei, baseando-se na sua convicção de que o poder poderia ser exercido de maneira racional e benéfica.

Por ter convivido com a liberdade inglesa, não acreditava em governo e Estado ideais, justos e tolerantes fossem utópicos. Não era um democrata, e acreditava que as pessoas comuns mediante o processo da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Assim. Voltaire transforma-se em um perseguidor assíduo dos dogmas, sobretudo da Igreja Católica. Perante essa postura, o catedrático de filosofia Carlos Valverde escreve um grandioso artigo, no qual comenta sobre o comportamento do Iluminista em relação à fé cristã. Que foi registrado no tomo XII da famosa revista francesa Correspondance Littérairer, Philosophie et Critique (1753-1793). No texto há, na edição de abril de 1778, páginas 87-88, o seguinte relato literal de Voltaire:

"Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na santa religião católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle. Meu amigo."

O relato acima foi reconhecido por alguns como autêntico por alguns, pois estaria confirmando outros documentos que se encontram no número de junho da revista, esta de cunha laico, decerto, uma vez editada por Grimm, Diderot e outros enciclopedistas. Já outros questionaram a necessidade de alguém que acredita em Deus ter que se converter a uma religião especifica, como o catolicismo.

Em sua morte, a revista o exalta como "o maior, o mais ilustre e talvez o único monumento desta época gloriosa em que todos os talentos, todas as artes do espírito humano pareciam haver se elevado ao mais alto grau de sua perfeição".

Sua família dedejava que seius restos mortais repousassem na abadia de Scellieres. Em 2 de junho, o bispo de Tryes, em breve nota, proíbe severamente que ele seja enterrado no sagrado o corpo de Voltaire. Mas no dia seguinte, o prior responde ao bispo que seu aviso chegara tardiamente, pois o corpo do Filósofo já havia sido enterrado na abadia. Livros históricos afirmam que ele tentou destruir a Igreja a favor maçom.

A Revolução em triunfo os restos de Voltaire ao panteão de Paris – Antiga Igreja de Santa Genoveva -, dedicada aos grandes homens. Na escura cripta em frente ao seu inimigo Rousseau, pertence até os dias atuais a tumba de Voltaire com este epitáfio:

"Aos louros de Voltaire. A Assembléia Nacional decretou em 30 de maio de 1791 que havia merecido as honras dadas aos grandes homens".

Voltaire introduziu na França, como a liberdade de imprensa, um sistema imparcial de justiça criminal, tolerância religiosa, e tributação proporcional e redução dos privilégios da nobreza e do clero.


2-OBRAS
Oedipe, (Édipo), 1718;
Mariamne (ou Hérode et Mariamne), 1724;
La Henriade, (Henríada) 1728;
Histoirie de Charles XII, (História de Charles XII), 1730;
Brutus, 1730;
Zaire, 1732;
Le temple du goût, 1733;
Lettres Philosophiques ou Letters sur les Anglais (Cartas filosóficas ou Cartas Sobre os Ingleses), 1734;
Adélaïde du Guesclin, 1734;
Le fanatisme ou Mahomet, (escrita em 1736, representada em 1741);
Mondain, 1736;
Epître sur Newton, 1736;
Trité de metaphysiqye, Tratado de Metafísica, 1736;
L'Enfant prodigue, 1736;
Essai sur la nature du feu, 1738;
Elements de la philosophie de Newton (Elementos da Filosofia de Newton), 1738;
Zulime, 1740;
Mérope, 1743;
Zadig, (Zadig ou o Destino), 1748;
Sémiramis 1748;
Le monde comme il va, 1748;
Nanine, ou le Péjugé vaincu, 1749;
Le Siècle de Louis XIV, ( O Século de Luís XIV) 1751;
Micrômegas, 1752;
Rome sauvée, 1752;
Poème sur le désastre de Lisbonne,(Poema Sobre o Desastre de Lisboa) 1756;
Essai sur les mœurs et l'esprit des Nations, (Ensaio Sobre as os Costumes e o Espírito das Nações) 1756;
Histoire des voyages de Scarmentado écrite par lui-même, 1756;
Candide ou l’opitimisme (Cândido ou o otimismo), 1759;
Le Caffé ou l'Ecossaise, 1760;
Tancrède, (Tancredo), 1760;
Histoire d'un bon bramin, 1761;
La Pucelle d'Orléans, 1762;
Traitè sur la tolerance, Tratado sobre a tolerância, 1763;
Ce qui plait aux dames, 1764;
Dictionnaire philosophique portatif, (Dicionário Filosófico) 1764, foi o primeiro livro portátil da história;
Jeannot et Colin, 1764;
De l'horrible danger de la lecture, 1765;
Petite digression, 1766;
Le Philosophe ignorant, 1766;
L'ingénu, (O Ingênuo) 1767;
L'homme aux 40 écus, 1768;
La Princesse de Babylone, A princesa da Babilônia, 1768;
Canonisation de saint Cucufin, 1769;
Questions sur l'Encyclopédie, 1770;
Les lettres de Memmius, 1771;
Il faut prendre un parti, 1772;
Le Cri du Sang Innocent, 1775;
De l'âme, 1776;
Dialogues d'Euhémère, 1777;
Irene, 1778;
Agathocle, 1779;

2.1-Cândido ou o Otimismo

Esta é sua obra principal. Foi escrita em apenas três dias. Conta com otimismo pessimista a história de um simples rapaz, filho de um barão. Seu mestre, Pangloss, inverte a lei da causalidade, ao afirmar que as pedras foram feitas para construir castelos e o nariz para suportar óculos. Mas, se considera muito culto.

O exército búlgaro invade o castelo onde Cândido morava e o transforma em soldado. Entre morrer e ser açoitado, o garoto prefere o açoite, aguentando-as durante um tempo. Os pais de Cândido são assassinados e o castelo é destruído. O rapaz consegue fugir para Lisboa, e no barco na qual se encontra acha Pangloss. Vale citar que, Pangloss é uma sátira de Leibniz, que dizia que este é o melhor dos mundos possíveis. Mas também é uma sátira de Leibniz e Aristóteles, em relação a doutrina de “Causas Finais”. Enfim, em Lisboa ocorre o terremoto. A Inquisição durou mais tempo em Portugal, que se manteve católica e não aderiu ao protestantismo. Cândido, fugindo deste fato, vai para o Paraguai, onde há grandes diferenças sociais.

O rapaz acha ouro nas terras virgens Paraguaias, mas é enganado e fica quase sem nada. Vai para Boreaux com o que lhe resta. Seguindo sua vida, sofre de males e aventuras. Vai para a Turquia. Devido à crítica a Leibniz, pelo fato da sua teoria afirmar que estamos no melhor dos mundos, um jovem critica Voltaire que replica com as seguintes palavras: “Se esse é o melhor dos mundos possíveis, por que existem tantos male e injúrias?”. Mesmo assim, para Voltaire o mal não é metafísico e sim social. Este problema deve ser superado com trabalho e razão. O homem deve estar sempre ocupado para não adoecer e morrer. Ele era muito ativo e combatia o ócio, Rousseau via críticas pessoais no trabalho de Voltaire.

A ironia é a qualidade essencial do pensamento e da escrita de Voltaire, podendo citar a rapidez com que acaba a vida feliz de Cândido confirma a casualidade das experiências humanas. Mas, ainda assim, Cândido pode ter sido o personagem mais falado, mas ainda assim não é principal, temos na história como protagonista o Acaso. Logo, os “protagonistas” passarão da felicidade inicial a inúmeras adversidades.

A intenção desta parte não é fazer uma síntese de todo o texto, e sim, mostras toda a filosofia “oculta” atrás dos textos e suas curiosidades respectivas.

Para finalizar a história sem deixá-la incompleta, Cândido se casa com quem tanto amava, Cunegundes, mesmo depois de ela estar completamente deformada devido a sua vida sofrida e seguidos estupros.

Há também uma segunda parte deste romance, muito menos conhecido, na qual Cândido deixa a Turquia que, após muitas aventuras e seu casamento com outra mulher, ele fica na Dinamarca, alcançando uma alta posição na corte real.

2.2-Dicionário Filosófico

Foi um dos muitos livros de Voltaire. Publicado em 1764, foi o primeiro livro de bolso da história e alcançou imenso sucesso. As ideias contidas no livro são revolucionárias, pois criticam o Estado e a religião. O Filósofo faz muitas citações de autores de grande nome, e o livro possui uma grande parte histórica.
As ideias deste livro foram, acima de toda e qualquer coisa, extremamente influentes na Revolução Francesa, e, não tratava com descaso a cultura pagã e oriental, como faziam outros autores.

E, falando de uma maneira mais geral, o livro instiga o leitor a pensar, princípio básico da filosofia, com o objetivo de fazer uma enciclopédia ao alcance de todos sobre conhecimentos gerais.

O livro abrange de maneira ampla tudo o que a ciência filosófica e a ciência da vida, além da histórica podem oferecer em suas múltiplas manifestações.

2.3-O Ingênuo

É um livro escrito de maneira satírica e bem humorada, fala de um príncipe huroniano que chega à França e submete-se aos costumes franceses, tornando-se católico. Para isso um abade lhe dá um exemplar do Novo Testamento. Apaixona-se pela sua madrinha de batismo.

O romance mostra as diferenças entre o cristianismo primitivo e eclesiástico.

Vale também destacar que a intenção é falar do fanatismo, sendo citado de diversas formas.

2.4-Micrômegas

Este é um livro escrito recebendo influência de “As Aventuras de Guliver”, de Swift, que Voltaire leu em Londres. Revela também traços de “Pluralidade dos Mundos”, das palestras de Fontenelle e da mecânica de Newton.

Nela é tratada a História de um visitante originário do planeta Sirius a Terra. Com oito léguas de altura, e mil sentidos, costuma viver mais de dez mil anos.

Com esta perspectiva, vem a tona a finitude e a pequenez da Terra e seus habitantes. O ser de outro planeta diz que a felicidade está na aqui e mora, dirigindo-se aos humanos, seres de átomos inteligentes e imateriais. Um filósofo humano expõe ao visitante a brutalidade carniceira na Terra, provocando a ira e decepção do estrangeiro. Este filósofo o dissuade de seu impulso de matar a todos com suas passadas.

Este é um livro pequeno, mas de grande valor filosófico, histórico e mostra uma grande parte dos valores de Voltaire.

2.5-Zadig
Voltaire (François-Marie Arouet) foi um dos grandes filósofos do Iluminismo. Dentre as suas qualidades destaca-se a ironia, às vezes gentil, em outras sarcástica e, não poucas vezes, profundamente destrutiva. Suas obras dão sentido à velha máxima: “Ridendo Castigat Mores” (com o riso castigam-se os costumes).

Zadig não é diferente; ironiza o poder, a organização política, a riqueza, o orgulho as pretensões da burguesia, a riqueza, a inveja e muito mais.
Vale hoje como valeu em seu século.
Nélson Jahr Garcia

Neste conto, fala de um grande mago da Babilônia, que propôs alguns enigmas aos candidatos ao trono de rei, para governar justamente com a rainha Astartéia.

Ele propôs o seguinte enigma como primeiro: “Qual é, de todas as coisas do mundo a mais longa e mais curta, a mais negligenciada e a mais irreparavelmente lamentada, que devora tudo o que é pequeno e que vivifica tudo o que é grande?”.

Alguns disseram que era a fortuna, outros a terra, outros a luz. Zadig acerta dizendo que é o tempo. “Nada mais longo (...) pois é a medida da eternidade; nada é mais curto, pois que falta a todos os nossos projetos; nada mais lento para quem espera; nada mais rápido para quem desfruta a vida; estende-se, em grandeza, até o infinito, todos que lamentam a perda; nada se faz sem ele; faz esquecer tudo o que é indigno da posterioridade, e imortaliza as grandes coisas.

Após, ao defender sua amada, Zadig é ferido no olho ficando cego do mesmo. A amante, Samira, compromete-se com outro homem. Zadig casa-se com uma camponesa. Ao testar a sua fidelidade fingindo-se de morto e com a ajuda de um amigo é traído e foge para floresta. Adquirindo sapiência, torna-se amigo e ministro do rei (Observe a semelhança em relação a Zadig e Voltaire no momento em que vira professor de francês de Frederico II), a rainha se apaixona por Zadig e o rei planeja mata-los, e, Zadig foge. Em um transe vislumbra a ordem imutável do universo. Depois, ainda, é feio escravo, mas depois tornasse assessor de seu senhor.


3-TEORIAS
Para Voltaire, a metafísica é uma quimera. Pode-se escrever mil tratados de sábios e não desvendar o segredo do Universo, ou questões como: O que é matéria? Por que as sementes germinam na terra? Seu ceticismo é uma atitude contra a metafísica. Ele fala de um Ser Supremo, cuja crença veio depois do politeísmo, é valida. Resultando um paradoxo, pois Deus existe e não podemos conhecer os segredos do universo. Voltaire aceita os argumentos para a existência de Deus de São Tomás de Aquino. É a causa primeira de tudo, Inteligência Suprema. Contrariando o Deus judaico-cristão, o Deus de Voltaire fez o mundo em tempos remotos e depois o abandonou ao próprio destino. Por este motivo ele é deísta.

Para os iluministas, Deus não existe e é o mal da humanidade. A ignorância e o medo criaram os Deuses, e a fraqueza os preserva. É um empecilho para a civilização, sendo assim, o materialismo é preferencial à teologia. As suas ideias foram defendidas por Voltaire na Enciclopédia, na qual o principal autor era Diderot. Os enciclopedistas chamavam-no de fanático, pelo fato de acreditar em Deus. Ele via Deus na harmonia inteligente entre as coisas. Mas negava o livre arbítrio e a providência. Tanto que responde ao Barão d’Holbach, notório ateu, que o título de seu livro “O Sistema da Natureza”, demonstra inteligência superior.

Voltaire foi um defensor da justiça. Defendeu muitos que estavam em desgraça e lutou contra a tirania. Não se entusiasmava com as formas de governo e achava os legisladores reducionistas. Como viajou muito, não era patriótico. Era completamente céptico em relação ao povo e à ignorância, que estava muito difundida. Levantava dúvidas, muitas de suas obras são repletas de perguntas. Em uma carta à Rousseau, no qual comenta o Discurso de origem sobre os fundamentos da desigualdade, disse que o livro de Rousseau o fez querer voltar a andar com quatro patas, mas que já havia abandonado este hábito jaz-se sessenta anos.

Voltaire foi um burguês que se opôs à intolerância religiosa, de opinião, entre outras..., coisa de existência muito forte no período na qual esteve vivo. Suas ideias e seu desejo supremo de realização era tamanho e, suas ideias tamanhamente revolucionárias que teve que se exilar da França, seu país de origem.

O conjunto de ideias de Voltaire constitui um pensamento chamado de Liberalismo. Liberalismo é uma filosofia política que prima pela autonomia moral e econômica da sociedade civil em oposição à concentração do poder político. Apesar se diversas culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo definitivamente ganhou expressão moderna nos escritos de John Locke (1632-1704) e Adam Smith (1723-1790). Seus principais conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, propriedade privada, governo limitado, estado de direito e livre mercado.

Para Voltaire, o preconceito é algo mau, medíocre, sem eficácia. Preconceito é uma opinião desprovida de julgamento. Podem ser: Dos sentido – Como por exemplo: o sol é pequeno, pois o vejo assim.

Físicos: a Terra está imóvel.

Históricos: temos como exemplo a lenda de fundação de Roma, por Rômulo e Rêmulo.

Religiosos: Temos como exemplo quando Maomé viajou aos céus.

Ele tem um pensamento racional para desvendar os mistérios da consciência humana. Dá a entender que Descartes estava errado com seu inatismo, e prefere a teria de Locke, de que tudo deriva das sensações. A sensação é tão importante quanto o pensamento, e o mundo é uma sensação contínua. Ele faz paralelos com a cultura grega e romana, nos verbetes do “Dicionário Filosófico”. As crenças tem um lado subjetivo muito forte. Esforçando-nos para ver a crença, ela acabará por existir, para nós.

Os sonhos são um mistério, portanto, fonte de superstições, como os que sonham com acontecimentos e pensam ser Deus o responsável. O fato de não podermos usar a razão enquanto vivemos um sonho, e de ser um estado alternativo, de percepção etérea, é o que faz suscitar dúvidas de interpretação. Os sonhos não tem valor objetivo, para Voltaire. A moral vem de Deus, como a luz. As superstições são trevas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio, o Dicionário da Língua Portuguesa. 7ª ed. Curitiba: Positivo, 2008.

FARIAS, Bernadete. Biblioteca da Escola em Casa – Vol 5. São Paulo: Difusão Cultural do Livro – DCL, 2004.

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MICRÔMEGAS – Voltaire. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/micromegasN.html Acesso em: 21 mai. 2009

O “ENIGMA” do tempo no Zadig de Voltaire. Disponível em: http://www.eternoretorno.com/2009/01/24/o-enigma-do-tempo-no-zadig-de-voltaire/ Acesso em: 21 mai. 2009

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VOLTAIRE, Citações e Pensamentos. Disponível em: http://br.geocities.com/webmensagens/citas/voltaire.html Acesso em: 12 mai. 2009

FRASES de Voltaire. Disponível em: http://www.frases.mensagens.nom.br/frases-autor-v1-voltaire.html Acesso em: 12 mai. 2009

Aurora Polar e Aurora Boreal




1-AURORA POLAR
A aurora polar é um fenômeno óptico composto de um brilho observado nos céus noturnos em regiões próximas a zonas polares, em decorrência do impacto de partículas de vento solar no campo magnético terrestre.

A aurora aparece tipicamente tanto como um brilho difuso quanto como uma cortina estendida em sentido horizontal. Algumas vezes são formados arcos que podem mudar de forma constantemente. Cada cortina consiste de vários raios paralelos e alinhados na direção das linhas do campo magnético, sugerindo que o fenômeno no nosso planeta está alinhado com o campo magnético terrestre. Da mesma forma a junção de diversos fatores pode levar à formação de linhas aurorais de tonalidades de cor específicas.

A aurora polar terrestre é causada por elétrons de energia de 1 a 15 keV, além de prótons e partículas alfa, sendo que a luz é produzida quando eles colidem com átomos da atmosfera do planeta, predominantemente oxigênio e nitrogênio, tipicamente em altitudes entre 80 e 150 km. Cada colisão emite parte da energia da partícula para o átomo que é atingido, um processo de ionização, dissociação e excitação de partículas. Quando ocorre ionização, elétrons são despejados do átomo, os quais carregam energia e criam um efeito dominó de ionização em outros átomos. A excitação resulta em emissão, levando o átomo a estados instáveis, sendo que estes emitem luz em freqüências específicas enquanto se estabilizam. Enquanto a estabilização do oxigênio leva até um segundo para acontecer, nitrogênio estabiliza-se e emite luz instantaneamente. Tal processo, que é essencial para a formação da ionosfera terrestre, é comparável ao de uma tela de televisão, no qual elétrons atingem uma superfície de fósforo, alterando o nível de energia das moléculas e resultando na emissão de luz.

De modo geral, o efeito luminoso é dominado pela emissão de átomos de oxigênio em altas camadas atmosféricas (em torno de 200 km de altitude), o que produz a tonalidade verde. Quando a tempestade é forte, camadas mais baixas da atmosfera são atingidas pelo vento solar (em torno de 100 km de altitude), produzindo a tonalidade vermelho escura pela emissão de átomos de nitrogênio (predominante) e oxigênio. Átomos de oxigênio emitem tonalidades de cores bastante variadas, mas as predominantes são o vermelho e o verde.
O fenômeno também pode ser observado com uma iluminação ultravioleta, violeta ou azul, originada de átomos de nitrogênio, sendo que a primeira é um bom meio para observá-lo do espaço (mas não em terra firme, pois a atmosfera absorve os raios UV). O satélite da NASA Polar já observou o efeito em raios X, sendo que a imagem mostra precipitações de elétrons de alta energia.

A interação entre moléculas de oxigênio e nitrogênio, ambas gerando tonalidades na faixa do verde, cria o efeito da "linha verde auroral", como evidenciado pelas imagens da Estação Espacial Internacional. Da mesma forma a interação entre tais átomos pode produzir o efeito da "linha vermelha auroral", ainda que mais raro e presente em altitudes mais altas.

A Terra é constantemente atingida por ventos solares, um fluxo rarefeito de plasma quente (gás de elétrons livres e cátions) emitidos pelo Sol em todas as direções, um resultado de milhões de graus de temperatura da camada mais externa da estrela, a coroa solar. Durante tempestades magnéticas os fluxos podem ser bem mais fortes, assim como o campo magnético interplanetário entre os dois corpos celestes, causando distúrbios pela ionosfera em resposta às tempestades. Tais distúrbios afetam a qualidade da comunicação por rádio ou de sistemas de navegação, além de causar danos para astronautas em tal região, células solares de satélites artificiais, no movimento de bússolas e na ação de radares. A resposta da ionosfera é complexa e de difícil modelagem, dificultando a predição para tais eventos.

A magnetosfera terrestre é uma região do espaço dominada por seu campo magnético. Ela forma um obstáculo no caminho do vento solar, causando sua dispersão em sua volta. Sua largura é de aproximadamente 190 000 km, e durante as noites uma longa cauda magnética é estendida para distâncias ainda maiores.
As auroras geralmente são confinadas em regiões de formato oval, próximas aos pólos magnéticos. Quando a atividade do efeito está calma, a região possui um tamanho médio de 3.000 km, podendo aumentar para 4.000 ou 5.000 km quando os ventos solares são mais intensos.

A fonte de energia da aurora é obtida pelos ventos solares fluindo pela Terra. Tanto a magnetosfera quanto os ventos solares podem conduzir eletricidade. É conhecido que se dois condutores elétricos ligados por um circuito elétrico são imersos em um campo magnético e um deles move-se relativamente ao outro, uma corrente elétrica será gerada no circuito. Geradores elétricos ou dínamos fazem uso de tal processo, mas condutores também podem ser constituídos de plasmas ou ainda outros fluidos. Seguindo a mesma idéia, o vento solar e a magnetosfera são fluidos condutores de eletricidade com movimento relativo, e são capazes de gerar corrente elétrica, que originam tal efeito luminoso.

Como os pólos magnético e geográfico do planeta não estão alinhados, da mesma forma as regiões aurorais não estão alinhadas com o pólo geográfico. Os melhores pontos (chamados pontos de auge) para a observação de auroras encontram-se no Canadá para auroras boreais e na ilha da Tasmânia ou sul da Nova Zelândia para auroras austrais.

Mas não existem apenas auroras naturais na Terra.

As auroras também podem ser formadas através de explosões nucleares em altas camadas da atmosfera (em torno de 400 km). Tal fenômeno foi demonstrado pela aurora artificial criada pelo teste nuclear estadunidense Starfish Prime em 9 de julho de 1962. Nessa ocasião o céu da região do Oceano Pacífico foi iluminado pela aurora por mais de sete minutos. Tal efeito foi previsto pelo cientista Nicholas Christofilos, que havia trabalhado em outros projetos sobre explosões nucleares. De acordo com o veterano estadunidense Cecil R. Coale, alguns hotéis no Havaí ofereceram festas da bomba de arco-íris em seus telhados para acompanhar o Starfish Prime, contradizendo relatórios oficiais que indicavam que a aurora artificial era inesperada. O fenômeno também foi registrado em filme nas Ilhas Samoa, em torno de 3 200 km distante da ilha Johnston, local da explosão.

As simulações do efeito em laboratório começaram a ser feitas no final de século XIX pelo cientista norueguês Kristian Birkeland, que provou, utilizando uma câmara de vácuo e uma esfera, que os elétrons eram guiados em tal efeito para as regiões polares da esfera.

Recentemente, pesquisadores conseguiram criar um efeito auroral modesto visível da terra ao emitir raios de rádio no céu noturno, tomando uma coloração verde. Da mesma forma que o fenômeno natural, as partículas atingiam a ionosfera, excitando os elétrons no plasma. Com a colisão dos elétrons com a atmosfera terrestre as luzes eram emitidas. Tal experimento também aumentou o conhecimento dos efeitos da ionosfera nas comunicações por rádio.

Engana-se quem pensa que paenas na Terra é possível ver a Aurora Polar, ela também pode ser vista em alguns planetas do Sistema Solar.

Tanto Júpiter quanto Saturno também possuem campos magnéticos muito mais fortes que os terráqueos (Urano, Netuno e Mercúrio também são magnéticos) e ambos possuem grandes cintos de radiação. O efeito da aurora polar vem sendo observado em ambos, mais claramente com o telescópio Hubble.

Tais auroras parecem ser originadas do vento solar. Por outro lado, as luas de Júpiter, em especial Io, também são fontes poderosas de auroras. Elas são formadas a partir de correntes elétricas pelo campo magnético, geradas pelo mecanismo de dínamo relativo ao movimento entre a rotação do planeta e a translação de sua lua. Particularmente, Io possui vulcões ativos e ionosfera, e suas correntes geram emissão de rádio, que vêm sendo estudadas desde 1955.

Como as terrestres, as auroras de Saturno criam regiões ovais totais ou parciais em torno do pólo magnético. Por outro lado, as auroras daquele planeta costumam durar por dias, diferente das terrestres que duram por alguns minutos somente. Evidências mostram que a emissão de luz nas auroras de Saturno contam com a participação da emissão de átomos de hidrogênio.

Uma aurora foi recentemente detectada em Marte pela sonda espacial Mars Express durante suas observações do planeta em 2004, com resultados publicados no ano seguinte. Marte possui um campo magnético mais fraco que o terrestre, e até então pensava-se que a falta de um campo magnético forte tornaria tal efeito impossível. Foi percebido que o sistema de auroras de Marte é bastante parecido com o da Terra, sendo comparável às nossas tempestades de baixa e média intensidade. Como o planeta está sempre direcionado para o nosso planeta com seu lado diurno, a observação de auroras é somente possível através de espaçonaves investigando o lado noturno do planeta vermelho e nunca a partir da Terra.

Vênus, que não possui um campo magnético, apresenta também o fenômeno, no qual as partículas da atmosfera são diretamente ionizadas pelos ventos solares, fenômeno também presente na Terra.


2-HISTÓRICO DE PESQUISAS EM RELAÇÃO À AURORA POLAR
As auroras boreais vêm sendo estudadas cientificamente desde o século XVII. Em 1621, o astrônomo francês Pierre Gassendi descreveu o fenômeno observado no sul da França. No mesmo ano, o astrônomo italiano Galileu Galilei começou a investigar o fenômeno como parte de um estudo sobre o movimentos dos astros celestes. Como seu raio de estudo limitava-se à Europa, o fato de verificar o fenômeno no norte do continente levou-o a batizá-lo aurora boreal. No século XVIII o navegador inglês James Cook presenciou no Oceano Índico o mesmo fenômeno de Galileu, batizando-o aurora austral. A partir de então ficou claro que o efeito não era exclusivo do hemisfério norte terrestre, criando-se a denominação aurora polar. Na mesma época, o astrônomo britânico Edmond Halley suspeitou que o campo magnético terrestre estivesse relacionado com a formação de auroras boreais. Em 1741, Olof Hiorter e Anders Celsius foram os primeiros a noticiar evidências do controle magnético quando existiam observações de auroras.

Henry Cavendish, em 1768, calculou a altitude no qual o fenômeno ocorre, mas somente em 1896 uma aurora foi reproduzida em laboratório por Kristian Birkeland. O cientista, cujos experimentos em câmara de vácuo com raios de elétrons e esferas magnéticas mostravam que tais elétrons era guiados para as regiões polares, propôs por volta de 1900 que os elétrons da aurora são originados de raios solares. Esse modelo possui problema devido à falta de evidências no espaço, tornando-se obsoleto em pesquisas atuais. Birkeland também deduziu em 1908 que as correntes de magnetismo fluíam na direção leste-oeste.

Mais evidências na conexão com com o campo magnético são os registros estatísticos das auroras polares. Elias Loomis (1860) e posteriormente mais detalhadamente Hermann Fritz (1881) estabeleceram que a aurora aparece principalmente em uma região em forma de anel com raio de aproximadamente 2500 km em volta do pólo magnético terrestre. Loomis também foi responsável por descobrir a relação da aurora com a atividade solar, ao observar que entre 20 e 40 horas mais tarde de uma erupção solar, noticiava-se o aparecimento de auroras boreais no Canadá.

Os trabalhos de Carl Stormer no campo do movimento de partículas eletrificadas em um campo magnético facilitaram a compreensão do mecanismo de formação das luzes do norte. A partir da década de 1950 descobriu-se a emissão de matéria pelo Sol, a qual foi chamada vento solar, efeito que também explica o fato das caudas de cometas estarem sempre opostas ao Sol. Tal teoria foi formulada pelo físico estadunidense Newman Parker em 1957, tendo sido comprovada no ano seguinte pelo satélite Explorer I. A partir de então, a exploração espacial permitiu não somente um aumento do conhecimento sobre as auroras terrestres, mas também a observação do fenômeno em outros planetas como Júpiter e Saturno.

James Van Allen provou, por volta de 1962, ser falsa a teoria que a aurora era o excesso do cinturão de radiação. Ele mostrou que a alta taxa de dissipação da energia da aurora iria rapidamente secar todo o cinturão de radiação. Logo após tornou-se claro que a maioria da energia era composta de cátions, enquanto que as partículas da aurora são quase sempre elétrons com relativa baixa energia.

Em 1972 foi descoberto que a aurora e suas correntes de magnetismo associadas também produzem uma forte emissão de rádio em torno de 150 kHz, efeito observável do espaço somente.


3-A AURORA POLAR NA CULTURA MUNDIAL
Os asiáticos acreditam que quem tenha visto a Aurora Boreal viverá feliz o resto da sua vida. Especialmente, acredita-se que seja uma fonte de fertilidade e nascimentos próximos. Como por exemplo, na China.

Em 1855, Thomas Bulfinch, em seu livro “Mitologia de Bulfinch”, faz uma citação nórdica em relação à Aurora :

“As Valquírias são virgens da guerra, montadas em cavalos e armadas com elmos e lanças. /.../ Quando elas cavalgam adiante em sua mensagem, suas armaduras derramam uma luz estranha que bruxuleia, que acende por cima dos céus do norte, fazendo o que os homens chamam "aurora borealis", ou "Luzes do Norte".”

Apesar de uma descrição marcante, não há citações na literatura escandinava que apóiem tal afirmação. Embora a atividade auroral seja comum na região na qual situam-se a Escandinávia e a Islândia, é possível que o pólo norte magnético estivesse consideravelmente mais longe dessa região nos séculos anteriores à documentação da mitologia, assim explicando a falta de referências.

A primeira citação na mitologia nórdica de norðurljós é encontrada na crônica Konungs Skuggsjá (1250). Seu autor havia ouvido falar sobre o fenômeno de compatriotas retornando da Groelândia, e fornece três explicações: que o oceano estava rodeado de fogos vastos, que os raios solares podiam atingir o "lado noturno" do mundo ou que as geleiras podiam armazenar energia de forma a tornarem-se eventualmente fluorescentes.

Um antigo nome escandinavo para as Luzes do Norte é traduzido como “relâmpago de arenque”. Acreditava-se que as luzes fossem reflexos lançados por grandes cardumes de arenques para o céu. Outra fonte escandinava refere-se a fogos que rodeiam os extremos norte e sul do mundo. Isso coloca em evidência que os nórdicos chegaram a se aventurar até a Antártica, ainda que somente uma citação seja insuficiente para formar uma conclusão sólida.

A palavra finlandesa que define a aurora boreal, "revontuli", vem de uma fábula lapã ou saami. "Repo" significa raposa (diminutivo) e "tuli" fogo. Sendo assim, o "revontuli" significa "fogo da raposa". Segundo a lenda, as caudas das raposas que corriam pelos montes lapões, batiam contra os montes de neve e as faíscas que saíam desses golpes refletiam-se no céu. Sendo assim, de acordo com a lenda, essas raposas eram originárias da Lapônia.

Em estoniano é chamado virmalised, espíritos dos altos reinos. Em algumas lendas eles possuem caráter negativo enquanto noutras positivo.

O povo Sami acreditava que deveria se ter cuidado e silêncio ao observar as estrelas do norte (chamadas guovssahasat em sua língua), senão elas poderiam descer e matar o observador. Já os algonquinos acreditavam que as luzes eram seus ancestrais dançando ao redor de um fogo cerimonial.
No folclore inuit, a aurora boreal era composta por espíritos de mortos jogando futebol com uma caveira de morsa pelo céu. Eles também utilizavam a aurora para chamar seus filhos para casa antes da escuridão, clamando que se a pessoa fizesse sons em sua presença ela baixaria e a queimaria.

No folclore letão, especialmente se a cor vermelha era observada, acreditava-se que se tratasse de almas de guerreiros mortos, um agouro de desastre, como guerra ou fome.

E, na Bíblia também é citada em uma parte, no Livro de Ezequiel.

“Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo que emitia de contínuo labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio do fogo saía uma coisa como o brilho de âmbar.”

Na Antiguidade também acreditava-se que a Aurora Polar vermelha era capaz de guiar seus mortos, pois eram luzes deixadas pelas almas velhas para as almas recém-chegadas, ou ainda, que eram guerras ocorridas entre seus deuses.


4-TIPOS DE AURORA POLAR
1. Arco homogêneo: forma-se um arco no céu.

2. Arco com estrutura de raio: um arco cresce e se espalha no céu.

3. Faixa homogênea: vários arcos se formam.

4. Faixa com estrutura de um raio: uma ou mais faixas se estendem de leste para oeste, como se fossem raios.

5. Cortinas: Esta é a forma mais clara de aurora que pode ser observada. Os raios cobrem a maior parte do céu e ondas vêm e vão. As luzes variam rapidamente.

6. Raios: Raios se alinham ao longo do campo magnético da Terra e mudam bem rápido.

7. Coronas: Vistos da Terra, os raios parecem leques.


5-DIFERENCIAÇÃO ENTRE AURORA BOREAL E POLAR
A Aurora Boreal é um fenômeno muito distinto do Sol da Meia-noite. Na Lapônia, a Aurora Boreal ocorre 200 dias por ano, embora não seja sempre visível e nunca o seja durante a época do Sol de Meia-noite (no Verão). Ou seja, ela apenas é vista no Pólo Norte.

Em latitudes do hemisfério norte é conhecida como aurora boreal, nome batizado por Galileu Galilei, em referência à deusa romana do amanhecer Aurora e ao seu filho Bóreas, representante dos ventos nortes. Ocorre normalmente nas épocas de setembro a outubro e de março a abril.

Já a Aurora Astral (também chamada de Austral) ocorre nas longitudes do hemisfério Sul. Também sendo fenômeno do Sol da Meia-Noite.

A origem de seu nome é bem mais simples uqe a da Aurora Boreal.

A Aurora Astral recebeu este nome, dado por James Cook, pelo fato de ser relacionada diretamente com o fato da mesma ocorrer no sul da Terra.
A Aurora Polar ocorre no hemisfério sul, já a Aurora Boreal no hemisfério norte


BIBLIOGRAFIA


LIVROS:
ATLAS Geográfico Histórico Universal. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2004

INTERNET:

AURORA Polar. Disponível em: Acesso em:5 mai 2009

AURORA Boreal. Disponível em:http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/auroras-polares/aurora-boreal.php Acesso em: 5 mai 2009