Primeiramente, deve-se levar em consideração que não se pode separar a Ginástica Rítmica da Ginástica, uma vez que a GR possui as suas raízes na mesma. Portanto, uma parte introdutória falando brevemente sobre a história da Ginástica faz-se necessária.
1 – HISTÓRIA DA GINÁSTICA
Para que se possa entender a origem
da ginástica rítmica, antes de tudo deve-se saber a origem da ginástica como um
todo, uma vez que esta é parte da mesma.
De acordo com Vidor,
a evidência mais antiga da existência da ginástica é datada de 2700-1400 AC. A
palavra “ginástica” deriva do grego “gumnos”, que significa nu (Por nos
primórdios realmente tratarem-se de pessoas nuas praticando) e, no início
servia apenas como aquecimento para outros esportes, incluindo os antigos jogos
olímpicos.
Paoliello afirma que A história da
Ginástica confunde-se com a história do homem. A Ginástica entendida por Ramos
(1982:15) como a prática do exercício físico ”vem da Pré-história, afirma-se na
Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e
sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea”. No homem pré-histórico a
atividade física tinha papel relevante para sua sobrevivência, expressa
principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico
de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido
através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades.
Ignorada e rejeitada durante a
Idade Média e redescoberta durante o Renascimento, por muitos anos foi um
esporte praticado apenas por acrobatas em circos itinerantes e por dinheiro.
Ainda segundo Vidor, foi com Frederic Louis Jahn, reconhecendo a importância
nacional da ginástica e trazendo como significado do patriotismo alemão, que
ela tornou-se popular na Europa. Escreveu um livro denominado de “Die Deutsche
Turnkunst”e desenvolveu a Turner (ginástica) societies na Alemanha. Por volta
de 1800, vários outros países já tinham seus próprios clubes de ginástica. Jahn
foi chamado de “o pai da ginástica”. Ao contrário dos tempos atuais, no fim do
século XIX e XX, a ginástica era compreendida tanto como a ginástica em si
quanto também o atletismo.
As mulheres começaram a praticar
ginástica por volta de 1800, mas apenas em 1909 uma mulher participou de
eventos internacionais. Sendo isto em Luxemburgo, e os exercícios incluíam
rítmica, balé e rotinas coreografadas. Nos jogos de Amsterdam, em 1928 ocorreu
a primeira competição de ginástica feminina e, em Budapeste, em 1934, ocorreu o
primeiro mundial com a participação de mulheres.
Segundo Viebig, Polpo e Corrêa
(2006) a ginástica desportiva já era praticada desde os finais da I Guerra
Mundial, embora sem que suas regras específicas tivessem sido fixadas. E,
muitas escolas inovaram a forma como se praticavam os exercícios tradicionais
de ginástica através da junção da música que exige o ritmo nos movimentos das
ginastas.
2 – HISTÓRIA DA GINÁSTICA RÍTMICA
De acordo com
Viebig, Polpo e Corrêa (2006), a Ginástica Rítmica começa um pouco mais tarde
do que a Ginástica Artística. E, de acordo com Rondinelli, sua história remete
à uma mistura entre a ginástica tradicional (Artística) e a dança. Molinari
(2004) afirma que a Ginástica Rítmica teve suas raízes lançadas por Delsarte
(1811 – 1871) que teve como característica de trabalho a busca da expressão dos
sentimentos através dos gestos corporais. Rondinelli diz que esta ginástica
deve muito ao coreógrafo moderno Émile Jacques Dalcroze, seu aluno Rudolf Bode
e a bailarina Isadora Duncan. Dalcroze desenvolveu uma técnica que unia
movimentos ginásticos ao ritmo, trabalho posteriormente aperfeiçoado por Bode.
Já Isadora Duncan carregou esta técnica à ex-URSS e passou a ensiná-la como
modalidade independente das artes. Paralelamente ao trabalho de Duncan, o
alemão Heinrich Madeau anexou aos elementos rítmicos alguns aparelhos, como o
arco, a bola e a maça. Mas, apenas em 1961 que este tipo de ginástica foi
incorporado à FIG – Federação Internacional de Ginástica – e, em 1963 foi
organizado o primeiro campeonato mundial desta modalidade. Entretanto, apenas
em 1975 que estes movimentos rítmicos com aparelhos foram denominados Ginástica
Rítmica Desportiva, para que ela estabelecesse sua característica competitiva
(Molinari, 2004). Em 1962, segundo Viebig, Polpo e Corrêa (2006) esta
modalidade passa a ser chamada de Ginástica Moderna, sendo anteriormente
chamada de apenas Ginástica Rítmica. No Brasil, a atual Ginástica rítmica teve
várias denominações diferentes, sendo principalmente denominada de Ginástica
Moderna, Ginástica Rítmica Moderna e, por ser praticada essencialmente por
mulheres, passou a ser chamada de Ginástica Feminina Moderna. De acordo com
Molinari, surge na Rússia o terno “rítmica” em 1946 devido à utilização da
música e da dança durante a execução dos movimentos. De acordo com von Mühlen,
Natividade e Goellner (2013) a Ginástica Rítmica foi trazida pela professora
austríaca Margareth Frohlich, que veio ministrar aulas de Ginástica Feminina Moderna
no III Curso de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico, promovido pelo Estado de
São Paulo. Ela teve como assistente a professora Erica Sauer, então vinculada à
Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil, atual
Escola de Educação física e Desportos da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. No texto ainda é afirmado que
No mesmo ano de 1953
também chegou ao Rio de Janeiro, a professora húngura Ilona
Peuker, que fundou o Grupo Unido de Ginastas (GUG) composto por meninas
interessadas na prática da ginástica. Segundo Garcia e Marconato (2005, p.33),
o objetivo desse grupo era divulgar a GR e aumentar o rol de participantes,
para tanto ele realizava apresentações por diversos estados do país. Nos
depoimentos e fontes consultadas não conseguimos acessar nenhuma informação
sobre a presença do GUG no Rio Grande do Sul, no entanto, a estratégia de criar
um grupo de ginástica inspirou a professora Vera Lúcia Zamberlan Angheben, uma
das pioneiras da GR no Estado e fundadora do Grupo de Ginástica da ESEFIPA,
conhecido por GRUGIPA – um marco na história da modalidade no Sul do país.
Enquanto a ginástica artística
passou a ser um esporte olímpico em 1896 para homens e em 1928 para mulheres.
Segundo Molinari (2009), a Ginástica Rítmica tornou-se um esporte olímpico
oficial em 1984, somente com competições individuais e teve a participação do
Brasil na mesma. Apenas nos jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 que foram
incluídas as competições de conjunto.
Em relação à evolução histórica, a
autora afirma, ainda, em seu artigo, que um dos primeiros relatos acerca do
princípio da atividade física relacionada ao ritmo vem de Rousseau (1712 –
1778), que realizou um estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático da
ginástica para a educação infantil. Através dos trabalhos de Muts (1759 –
1839), considerado um dos pioneiros da ginástica, que se obteve o
desenvolvimento das atividades ginásticas relacionadas ao fortalecimento do
indivíduo e também com o proposto de proporcionar saúde e preparação para a
guerra.