quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

História da Ginástica Ritmica

Primeiramente, deve-se levar em consideração que não se pode separar a Ginástica Rítmica da Ginástica, uma vez que a GR possui as suas raízes na mesma. Portanto, uma parte introdutória falando brevemente sobre a história da Ginástica faz-se necessária.

1 – HISTÓRIA DA GINÁSTICA

            Para que se possa entender a origem da ginástica rítmica, antes de tudo deve-se saber a origem da ginástica como um todo, uma vez que esta é parte da mesma.
De acordo com Vidor, a evidência mais antiga da existência da ginástica é datada de 2700-1400 AC. A palavra “ginástica” deriva do grego “gumnos”, que significa nu (Por nos primórdios realmente tratarem-se de pessoas nuas praticando) e, no início servia apenas como aquecimento para outros esportes, incluindo os antigos jogos olímpicos.
            Paoliello afirma que A história da Ginástica confunde-se com a história do homem. A Ginástica entendida por Ramos (1982:15) como a prática do exercício físico ”vem da Pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea”. No homem pré-histórico a atividade física tinha papel relevante para sua sobrevivência, expressa principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades.
            Ignorada e rejeitada durante a Idade Média e redescoberta durante o Renascimento, por muitos anos foi um esporte praticado apenas por acrobatas em circos itinerantes e por dinheiro. Ainda segundo Vidor, foi com Frederic Louis Jahn, reconhecendo a importância nacional da ginástica e trazendo como significado do patriotismo alemão, que ela tornou-se popular na Europa. Escreveu um livro denominado de “Die Deutsche Turnkunst”e desenvolveu a Turner (ginástica) societies na Alemanha. Por volta de 1800, vários outros países já tinham seus próprios clubes de ginástica. Jahn foi chamado de “o pai da ginástica”. Ao contrário dos tempos atuais, no fim do século XIX e XX, a ginástica era compreendida tanto como a ginástica em si quanto também o atletismo.
            As mulheres começaram a praticar ginástica por volta de 1800, mas apenas em 1909 uma mulher participou de eventos internacionais. Sendo isto em Luxemburgo, e os exercícios incluíam rítmica, balé e rotinas coreografadas. Nos jogos de Amsterdam, em 1928 ocorreu a primeira competição de ginástica feminina e, em Budapeste, em 1934, ocorreu o primeiro mundial com a participação de mulheres.
            Segundo Viebig, Polpo e Corrêa (2006) a ginástica desportiva já era praticada desde os finais da I Guerra Mundial, embora sem que suas regras específicas tivessem sido fixadas. E, muitas escolas inovaram a forma como se praticavam os exercícios tradicionais de ginástica através da junção da música que exige o ritmo nos movimentos das ginastas.

2 – HISTÓRIA DA GINÁSTICA RÍTMICA


De acordo com Viebig, Polpo e Corrêa (2006), a Ginástica Rítmica começa um pouco mais tarde do que a Ginástica Artística. E, de acordo com Rondinelli, sua história remete à uma mistura entre a ginástica tradicional (Artística) e a dança. Molinari (2004) afirma que a Ginástica Rítmica teve suas raízes lançadas por Delsarte (1811 – 1871) que teve como característica de trabalho a busca da expressão dos sentimentos através dos gestos corporais. Rondinelli diz que esta ginástica deve muito ao coreógrafo moderno Émile Jacques Dalcroze, seu aluno Rudolf Bode e a bailarina Isadora Duncan. Dalcroze desenvolveu uma técnica que unia movimentos ginásticos ao ritmo, trabalho posteriormente aperfeiçoado por Bode. Já Isadora Duncan carregou esta técnica à ex-URSS e passou a ensiná-la como modalidade independente das artes. Paralelamente ao trabalho de Duncan, o alemão Heinrich Madeau anexou aos elementos rítmicos alguns aparelhos, como o arco, a bola e a maça. Mas, apenas em 1961 que este tipo de ginástica foi incorporado à FIG – Federação Internacional de Ginástica – e, em 1963 foi organizado o primeiro campeonato mundial desta modalidade. Entretanto, apenas em 1975 que estes movimentos rítmicos com aparelhos foram denominados Ginástica Rítmica Desportiva, para que ela estabelecesse sua característica competitiva (Molinari, 2004). Em 1962, segundo Viebig, Polpo e Corrêa (2006) esta modalidade passa a ser chamada de Ginástica Moderna, sendo anteriormente chamada de apenas Ginástica Rítmica. No Brasil, a atual Ginástica rítmica teve várias denominações diferentes, sendo principalmente denominada de Ginástica Moderna, Ginástica Rítmica Moderna e, por ser praticada essencialmente por mulheres, passou a ser chamada de Ginástica Feminina Moderna. De acordo com Molinari, surge na Rússia o terno “rítmica” em 1946 devido à utilização da música e da dança durante a execução dos movimentos. De acordo com von Mühlen, Natividade e Goellner (2013) a Ginástica Rítmica foi trazida pela professora austríaca Margareth Frohlich, que veio ministrar aulas de Ginástica Feminina Moderna no III Curso de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico, promovido pelo Estado de São Paulo. Ela teve como assistente a professora Erica Sauer, então vinculada à Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil, atual Escola de Educação física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No texto ainda é afirmado que

No mesmo ano de 1953 também chegou ao Rio de Janeiro, a pro­fessora húngura Ilona Peuker, que fundou o Grupo Unido de Ginastas (GUG) composto por meninas interessadas na prática da ginástica. Segundo Garcia e Marconato (2005, p.33), o objetivo desse grupo era divulgar a GR e aumentar o rol de participantes, para tanto ele realizava apresentações por diversos estados do país. Nos depoimentos e fontes consultadas não conseguimos acessar nenhuma informação sobre a presença do GUG no Rio Grande do Sul, no entanto, a estratégia de criar um grupo de ginástica inspirou a professora Vera Lúcia Zamberlan Angheben, uma das pioneiras da GR no Estado e fundadora do Grupo de Ginástica da ESEF­IPA, conhecido por GRUGIPA – um marco na história da modalidade no Sul do país.

            Enquanto a ginástica artística passou a ser um esporte olímpico em 1896 para homens e em 1928 para mulheres. Segundo Molinari (2009), a Ginástica Rítmica tornou-se um esporte olímpico oficial em 1984, somente com competições individuais e teve a participação do Brasil na mesma. Apenas nos jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 que foram incluídas as competições de conjunto.
            Em relação à evolução histórica, a autora afirma, ainda, em seu artigo, que um dos primeiros relatos acerca do princípio da atividade física relacionada ao ritmo vem de Rousseau (1712 – 1778), que realizou um estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático da ginástica para a educação infantil. Através dos trabalhos de Muts (1759 – 1839), considerado um dos pioneiros da ginástica, que se obteve o desenvolvimento das atividades ginásticas relacionadas ao fortalecimento do indivíduo e também com o proposto de proporcionar saúde e preparação para a guerra.