segunda-feira, 6 de julho de 2009

Islamismo



INTRODUÇÃO AO ASSUNTO
A palavra Islã, significa literalmente “submissão”, ilustra a principal ideia muçulmana: o fiel aceita submeter-se á vontade de Deus (Alá), criador do mundo, onipotente e onisciente.

Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra muslim (Plural, muslinún), particípio do verbo asmala, que significa “aquele que se submete”. A palavra pode ter entrado no português a partir do castelhano, sendo provável que a língua tenha tomado do italiano ou francês, línguas da qual o vocábulo existe desde 1619 e 1657, respectivamente.

Em textos mais antigos, os muçulmanos eram conhecidos como “maometanos”, este termo tem vindo a cair porquê implica, incorretamente, que eles tinham adoração à Maomé, fato que durante alguns séculos devido à ignorância européia, o Ocidente pensou), tornando assim o termo ofensivo para muitos muçulmanos.

Na Idade Média e, por extensão, lendas e narrativas populares cristãs, os muçulmanos também eram designados por sarracenos ou mouros (embora este último termo designasse mais especificamente os muçulmanos naturais do Magrebe, localizado na Península Ibérica).

Islão também pode se referir ao conjunto de países que seguem esta religião (A jurisprudência islâmica usa no caso a expressão Dar-al-Islam, traduzindo, “Casa do Islão”).



1-FUNDADOR E ORIGEM DO ISLAMISMO

A civilização pré-islâmica surgiu e espalhou-se a partir da península Arábica. Com clima muito quente e seco, cerca de 80% de seu território é de desertos.
Viviam na Península Arábica diversos povos, organizados em tribos ou clãs, que se dividiam em dois grandes grupos conforme suas características culturais mais marcantes: os árabes do litoral e os árabes do desertos.

Os árabes do litoral eram povos sedentários que moravam em cidades próximas da costa, como Meca e Yathrib. Dedicavam-se principalmente ao comércio, conduzindo as caravanas de camelos que levavam mercadorias do Oriente para as regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo. E, os árabes do deserto eram povos semi-nômades que ficavam em torno dos oásis da península. Dedicavam-se principalmente à criação de ovelhas, camelos, cabras e camelos, além de praticarem saques e pilhagens, cujo produto era dividido entre os membros das tribos.

Como era habitada por diferentes povos, a Arábia não tinha unidade política. Mas, no século VII os povos se uniram em torno do Islamismo, e, por meio da Guerra Santa, expandiram seus domínios.

Até o século VI, os árabes se ligavam pelos laços de parentesco e elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma, apesar das variações regionais e tinham as mesmas crenças religiosas, sendo politeístas.

Em Meca, tinha um templo conhecido como Caaba (“Casa de Deus”), que reunia os ídolos, que eram estátuas, das principais divindades cultuadas por eles. Na Caaba havia também a Pedra Negra, que, provavelmente é um pedaço de meteorito, venerada pelo fato de acreditarem ter sido trazida milagrosamente por um anjo. Por Meca possuir este templo, e, uma série de outros fatores, mas, principalmente devido ao templo, a cidade torna-se um grande centro comercial dos árabes. Nos períodos de paz, a cidade transforma-se em um movimentado ponto de encontro, recebendo muitas pessoas e mercadorias, das mais diversas regiões, realizando-se assim, grandes negócios comerciais.

Maomé (Mohammad na língua original) nasceu em Meca, na tribo coraixita, no atual Reino da Arábia Saudita, em 570. Órfão muito cedo, criado primeiro pelo avô paterno, Abd al-Mutilab, e depois pelo tio, Adu Talib, coleto de impostos, que o apresenta as artes do comércio. Preocupado com a ideia de restabelecer o monoteísmo de Abraão (Ibrahim em árabe), vira um político talentoso, chefe militar e legislador. Com 25 anos e a reputação de comerciante honesto e talentoso e bem-sucedido, casa-se com Cadidja, 15 anos mais velha. O matrimônio dura até a morte dela em 617, em um castelo pertencente a Abu Talib, que morreria dois anos depois, onde Maomé se encontrava refugiado.

Aos 40 anos, ele recebeu a missão de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel. Essas revelações se repetiram por toda a vida do profeta e que logo começaram a ser escritas, compondo assim, o Alcorão ou Corão (Qur`ãn), significa recitação, foi escrito ao longo de 20 anos (644-656), possui 6.226 versos em 114 suras (Capítulos).

Quando iniciou sua pregação, Maomé afirmou que os ídolos da Caaba deviam ser destruídos, pois só havia um deus criador do universo, Alá (ou Alah). Isto provocou a reação dos sacerdotes de Meca, já que, além de atacar a sua religião, a religião poderia afetar o comércio que os rituais geravam na cidade. Obrigado a deixar Meca em 622, ele refugia-se em Yathrib, que posteriormente seria chamada de Medina - “A cidade do profeta” - o episódio ficou conhecido como Hégira, fato que marca o início do calendário muçulmano.

Mohammad e seguidores difundem a religião em Medina e organizam um exército de fiéis. Em 630 conquistaram Meca e destruíram os ídolos da Caaba. A partir deste fato, o islamismo expande-se pela Arábia, e os diversos povos fora, se unificando em torno da nova religião. Criando assim, outra organização social entre os árabes.



2-FONTE DOUTRINAL E CRENÇAS

É pregada principalmente a submissão plena do ser humano aos preceitos de Alá, sendo Deus único e criador do universo. Alá não é um Deus pessoal, santo ou amoroso, ao contrário, é distante e indiferente de seus adeptos. As ordens expressas no Corão são imperativas, injustas e cruéis. De acordo com Mohammad, ele é autor do bem e do mal. Num dos anais que descreve as mensagens de Alá para Maomé, diz: “Lutem todos contra os judeus e matem-nos”. Em outra parte diz: “Oh verdadeiros adoradores, não tenha os judeus ou cristãos como vossos amigos. Eles não podem ser confiados, eles são profanos e impuros”.

Os anjos, são seres criados por Alá a partir da luz. Não possuem livre arbítrio, e se dedicam apenas para obedecer a Deus e louvar seu nome. Desempenham vários papéis, entre os quais o anúncio da revelação divina dos profetas, protegem os seres humanos e registram todas as suas ações. O anjo mais famoso é Gabriel, que foi o intermediário entre Deus e o profeta.

Além dos anjos, eles reconhecem também a existência de jinnis, espíritos que habitam o mundo natural e que podem influenciar os acontecimentos. Ao contrário dos anjos, os jinnis possuem vontade própria; alguns são bons, mas de uma forma geral são maus. Um deles é Iblis, (Satanás), que, segundo a crença, desobedeceu a Deus pra ir para o mal.

De acordo com o Islamismo, Maomé é o último e mais importante dos profetas. Alah enviou 124000 profetas ao mundo, mas apenas trinta estão relacionados no Corão. Os seis principais foram:

Adão – escolhido de Alá
Noé – pregador de Alá
Moisés – porta-voz de Alá
Jesus – palavra de Alá
Maomé – apóstolo de Alá

Segundo suas crenças, o dia do Julgamento Final (Yaum al-Qiyamah), que é o momento em que cada ser humano será ressuscitado e julgado na presença de Deus por suas ações praticadas. Os livres de pecados irão diretamente para o Paraíso e os pecadores vão permanecer um tempo no Inferno antes de também poderem ir para o Paraíso. Os únicos que permanecerão no Inferno são os hipócritas religiosos (Os que se dizem muçulmanos, mas nunca o foram).

Este julgamento será antecedido por vários sinais, como o nascimento no sol poente, o som de uma trombeta e o aparecimento de uma besta. De acordo com o Alcorão, o mundo não acabará verdadeiramente, apenas passará por uma profunda alteração.

Eles acreditam no qadar, palavra geralmente traduzida como predestinação, mas que o sentido preciso é “medir” ou “decidir quantidade ou qualidade”. Uma vez que, para o Islamismo, Deus foi o criador de tudo, incluindo os seres humanos, e sendo uma das características a omniscência, ele já sabia quando procedeu à criação as características de cada elemento da sua obra teriam.

Sendo, cada coisa que acontece à alguém por determinada por Deus. A crença não rejeita o livre arbítrio, pois o ser humano foi criado por Deus com faculdade e razão, pelo que pode escolher entre praticar ações positivas ou negativas.
Os Islãs tem como base moral em sua doutrina a lei conhecida como “Os 5 pilares do Islamismo” que são os seguintes atos:

Crer em Alah, o único deus, e em Maomé, seu grande profeta (Chahada);
Fazer cinco orações diárias voltadas para Meca (Sala, Salat ou Salah) e com a fronte para a terra;
Ser generoso com os pobres e dar esmolas (Zakat ou Zakah), para a purificação das riquezas e a solidariedade entre os fiéis;
Cumprir o jejum religioso durante o Ramadhan (Mês sagrado) (Saum), que deve acontecer entre o nascer até o pôr do sol;
Ir em peregrinação para Meca (Hajj) ao menos uma vez na vida se tiver condições físicas e financeiras



3-FESTAS TRADICIONAIS ISLÂMICAS

Ramadãm ou Ramadan (fevereiro/março)? durante o nono mês do calendário muçulmano....

Pequena Festa (Eid Al-Fitr), celebrada nos três primeiros dias do mês de Shaual (março/abril), ao final do jejum do mês de Ramadãm, comemora a revelação do Corão.
Grande Festa ou Festa do Sacrifício (Eid Al-Adha) é celebrada no dia 10 do mês de Thul-Hejjah (maio/junho).

Hégira (fuga de Maomé de Meca), marca o Ano-novo do calendário muçulmano, no dia 1° do mês de Al-Moharam (junho/julho).

Aniversário de nascimento do Profeta, no dia 12 do mês de Rabi'I (agosto/setembro).

Calendário muçulmano – Mede o ano pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra e é, em média, 11 dias menor do que o ano solar. O ano 1994/1995 foi o 1.415° da hégira.



4-ALCORÃO E AUTORIDADE RELIGIOSA

Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão (Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu estes ensinamentos de Alá por intermédio do anjo Gabriel (Jibreel) através de revelações que ocorreram entre 610 e 632 d.C.. Maomé recitou estas revelações aos seus companheiros, muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição (omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras...).

As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656 durante o califado de Otman.

O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas 3 versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo").

Uma vez que os muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma longa linha de profetas, eles tomam a sua mensagem como um depósito sagrado, e tomam muito cuidado assegurando que a mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma maneira a não trair esse legado. Esta é a principal razão pela qual as traduções do Alcorão para as línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o Alcorão em árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua língua original; aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como hafiz (literalmente "guardião").

A mensagem principal do Alcorão é a da existência de um único Deus, que deve ser adorado. Contém também exortações éticas e morais, histórias relacionadas com os profetas anteriores a Muhammad (que foram rejeitados pelos povos aos quais foram enviados), avisos sobre a chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas com aspectos da vida diária como o casamento e o divórcio.

Além do Alcorão, as crenças e práticas do Islão baseiam-se na literatura hadith, que para os muçulmanos clarifica e explica os ensinamentos do profeta.

Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceita ou excluída da comunidade de crentes. O Islão é aberto a todos, independentemente de raça, idade, gênero, ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do islamismo, ato formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do Islão, sem o qual uma pessoa não pode ser considerada um muçulmano.

Embora não exista no islamismo uma estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existem, contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se destacam pelo seu grande conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti, sendo responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei islâmica; em teoria estes pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa que os solicitou.



5-TRECHOS DO ALCORÃO

Deus: Cremos em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Dt 6.24; Mt 28.19; Mc 12.29.

Jesus: Cremos no nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal de entre os mortos, e em sua ascensão gloriosa aos céus, Is 7.14; Lc 1.26-31; 24.4-7; At 1.9.

Espírito Santo: Cremos no Espírito Santo como terceira pessoa da Trindade, como Consolador e o que convence o homem do pecado, justiça e do juízo vindouro. Cremos no batismo no Espírito Santo, que nos é ministrado por Jesus, com a evidência de falar em outras línguas, e na atualidade dos nove dons espirituais, Jl 2.28; At 2.4; 1.8; Mt 3.11; I Co 12.1-12.

Homem: Cremos na criação do ser humano, iguais em méritos e opostos em sexo; perfeitos na sua natureza física, psíquica e espiritual; que responde ao mundo em que vive e ao seu criador através dos seus atributos fisiológicos, naturais e morais, inerentes a sua própria pessoa; e que o pecado o destituiu da posição primática diante de Deus, tornando-o depravado moralmente, morto espiritualmente e condenado a perdição eterna, Gn 1.27; 2.20,24; 3.6; Is 59.2; Rm 5.12; Ef 2.1-3.

Bíblia: Cremos na inspiração verbal e divina da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé para a vida e o caráter do cristão, II Tm 3.14-17; II Pe 1.21.

Pecado: Cremos na pecaminosidade do homem, que o destituiu da glória de Deus, e que somente através do arrependimento dos seus pecados e a fé na obra expiatória de Jesus o pode restaurar a Deus, Rm 3.23; At 3.19; Rm 10.9.

Céu e Inferno: Cremos no juízo vindouro, que condenará os infiéis e terminará a dispensação física do ser humano. Cremos no novo céu, na nova terra, na vida eterna de gozo para os fiéis e na condenação eterna para os infiéis, Mt 25.46; II Pe 3.13; Ap 21.22; 19.20; Dn 12.2; Mc 9.43-48.

Salvação: Cremos no perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita, e na eterna justificação da alma, recebida gratuitamente, de Deus, através de Jesus, At 10.43; Rm 10.13; Hb 7.25; 5.9; Jo 3.16.



6-DIFERENÇA INTERPRETACIONAL

Os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos, os sunitas e os xiitas. Essas tendências surgem da disputa pelo direito de sucessão a Maomé. A divergência principal diz respeito à natureza da chefia:

Para os xiitas, o Imã ou "Imam" (líder da comunidade) é herdeiro e continuador da missão espiritual do Profeta.

Para os sunitas, o Imã é apenas um chefe civil e político, sem autoridade espiritual, a qual pertence exclusivamente à comunidade como um todo (umma).

Sunitas e xiitas fazem juntos os mesmos ritos e seguem as mesmas leis (com diferenças irrelevantes), mas o conflito político é profundo.

Sunitas – Os sunitas são os partidários dos califas abássidas, descendentes de all-Abbas, tio do Profeta. Em 749, eles assumem o controle do Islã e transferem a capital para Bagdá. Justificam sua legitimidade apoiados nos juristas (alim, plural ulemás) que sustentam que o califado pertenceria aos que fossem considerados dignos pelo consenso da comunidade.

A maior parte dos adeptos do islamismo é sunita (cerca de 85%). No Iraque a maioria da população é xiita, mas o ex-governo (2003) era sunita.

Xiitas – Partidários de Ali, casado com Fátima, filha de Maomé, os xiitas não aceitam a direção dos sunitas.

Argumentando que só os descendentes do Profeta são os verdadeiros imãs: guias infalíveis em sua interpretação do Corão e do Suna, graças ao conhecimento secreto que lhes fora dado por Deus. São predominantes no Irã e no Iêmen.
A rivalidade histórica entre sunitas e xiitas se acentua com a revolução iraniana de 1979 que, sob a liderança do aiatolá Khomeini (xiita), depõe o xá Reza Pahlevi e instaura a República Islâmica do Irã.